sexta-feira, 26 de junho de 2009

Esse filme a gente já viu

ELIANE CANTANHÊDE

BRASÍLIA - Ao se trancar em casa, sem condições políticas e psicológicas de ir ao Congresso, o ex-presidente da República e tri-presidente do Senado, José Sarney, 78, começou -embora negue- o movimento de saída do cargo, empurrado pela crise que é dele e da instituição.

A história se repete. Foi assim com Antonio Carlos Magalhães, Jader Barbalho, Renan Calheiros, que se enredaram nos próprios erros e tiveram de renunciar, vítimas da misteriosa cadeira ejetora da presidência do Senado. Durante anos se ouve falar de histórias esquisitas que perseguem como sombras a trajetória de cada um deles.

Elas só vêm a público daqui e dali, porque "ouvir falar" é bem diferente de "comprovar", mas consolidam percepções do próprio meio político e da imprensa -logo, da opinião pública. Um belo dia, o poderoso é eleito ou reeleito presidente do Senado, e o que era de "ouvir falar" ganha corpo, pernas e provas. O resto é pretexto.

ACM foi derrubado por quebra de sigilo dos votos em plenário; Jader, por escândalos de décadas na Sudam; Renan, pela namorada. Sarney afunda sob o peso de boas ações para parentes e apadrinhados com dinheiro público e de ligações perigosas com o submundo da burocracia parlamentar. E repete o script dos antecessores de cargo e de infortúnio. Primeiro, desdém. Depois, perplexidade.

Logo, a tese do complô entre inimigos no Estado, adversários no Congresso, funcionários invejosos e, claro, a imprensa. Enfim, a denúncia de uma "campanha midiática", como diz Sarney, também repetindo ACM, Jader, Renan, sem as devidas explicações. O ataque de Pedro Simon não é pá de cal, é detalhe previsível.

Sarney chegou ao momento dramático da solidão, da tristeza e de reunir as últimas energias para tentar resistir, gritando socorro para o Planalto. Costuma, porém, ser só questão de tempo. A não ser que refaça o final de um filme que a gente já viu e reviu.

2 comentários:

A Velha Debaixo da Cama disse...

Caro Ricardo, estou com uma grande preocupação! Recebi vários emails de divulgação da Passeata pela Moralização do Senado, a ser realizada hoje às 15:00h em frente ao Liceu Maranhense, porém me deparo hoje com informações de que a tal passeata seria uma "invenção" da família para mostrar o "fracasso" da nossa oposição. Você está sabendo de alguma informação mais concreta? Pois divulguei o movimento no blog, site e twitter, onde fui mencionada pelo Marcelo Taz, bem como em seu blog, o que me deixou muito orgulhosa. Dá uma visitada no meu blog pra vc ver e vamos tentar estragar os planos deles, se é que o que ouvi procede.

FIQUEMOS DE OLHO!!!

Um abraço,

Talaricus disse...

A tática é se afastar para acalmar os ânimos do senado. Já foi Agaciel agora Sarney, estão indispostos psicologicamente, é muito stress para os dois... Do outro lado um Simon enfurecido pede a cabeça de Sarney. Acredito que Simon tenha medo de que achem ainda mais sujeira na casa.