R
RADIALISTA
[ Foi
hipertriper careta, um emprego mesmo [seu trabalho numa rádio
em Brasília].
Foi assim: tinha um programa de jazz, e eu fiquei
superanimado porque fui chamado para fazer esse programa. Mesmo o
jazz não sendo meu tipo de música, eu ia poder trabalhar, escrever textos.
Duas semanas depois, o cara veio reclamar comigo: "Olha, Renato, você
não entendeu muito bem". Tinha de tocar Ella Fitzgerald,
Summertime
— para o pessoal lá dos ministérios, que chega na hora do almoço em
casa, liga o rádio e ouve duas horas de
jazz-muzak. Era exatamente o
que tinha que fazer, aquela coisa horrível! Tudo bem, eu lá dando a
biografia do Chet Baker, falando que ele era viciado, e o cara no meu
pé: "Não, Renato, menos falatório e mais música". Bem, resolveram me
dar outra chance e fizeram um programa dos Beatles. E eu: "Oba! Está
para mim!". E era um tal de tocar
Revolution e tudo. E novamente o
cara veio falar comigo: "Renato, você não entendeu. É para tocar
Yesterday, Michelle,
essas coisas. Rock pauleira, não!". E aí eu fui
despedido. Eu era meio rebelde, ficava dando muitas sugestões, mudava
as listas — eu ia até a discoteca e trocava tudo! (1989)
RÁDIOS
[ Aqui no Brasil, a gente já tem algumas rádios alternativas. Mas a
maioria das rádios está no esquema do
boss radio. B-O-S-S, que é uma
coisa que aconteceu no final dos anos 60 nos Estados Unidos, que é
seguir uma forma. Você tem a lista das 30 ou 40 músicas que são sucesso;
então, é repetir essas músicas
ad nauseam, mais e mais e mais, até encher
o saco e vender o produto. O
disc-jockey não tem personalidade, quase
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não fala nada, e é aquela coisa: "Pois é, gente, então agora vamos ouvir o sucesso da rádio
KJYZ, não sei o quê. Aqui, vocês sabem, é só sucessos". Então, o que uma rádio toca, todas
as rádios vão e tocam atrás. (1985)
RAZÕES
[ Não aconselho ninguém a ir fundo. Ao mesmo tempo, não mudaria
nada, porque acho que tudo acontece por alguma razão. (1994)
REBELDIA
[ Já passou o tempo da rebeldia espontânea. Hoje, eu estou mais
interessado em dizer coisas novas, e não as mesmas coisas que eu escrevi
antes. Nas letras, duas frases podem valer por uma canção toda. (1989)
[ O meu objetivo, no início, não era chocar as pessoas como o Sex
Pistols. Meu objetivo era falar sobre as coisas que eu estava vendo e que
me deixavam desesperado. Hoje, não preciso falar mais nada, não preciso
ser rebelde. (1994)
[ Eu tinha uma postura tão contra tudo e contra todos que, se você me
falasse "Não come isso que é veneno", eu chegava e comia mesmo. Eu
sou ariano, eu aprendo dando cabeçadas. A minha serenidade, e até a
minha própria insegurança, são um dom, porque eu sofri tanto! A questão
é que eu não tinha que tomar droga coisa nenhuma, tinha que tomar na
cabeça. "Sai desse canto, Renato, pára com tadinho de mim". Tadinho
de mim? Foda-se! A vida é difícil mesmo. "Ah, eu sou poeta, artista..."
Foda-se! Não vou ficar incomodando os meus amigos. Eu tinha uma
postura rebelde, completamente idiota. Eu achava assim: "Ah, eu estou
destruindo meu próprio corpo e ninguém tem nada com isso". (1995)
RECADOS
[ Um recado para os jovens: Lobão, eu, Cazuza, quem quer que seja, a
gente não vai mudar as coisas. Nós pegamos um violão, cantamos, mas
isso não tem nada a ver com o mundo real. Música é música. Se vocês
querem que mude, usem seu título de eleitor. Não fiquem cobrando
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posição dos artistas. Se eu quisesse mudar o mundo, não estaria numa banda, e, sim, no
Projeto Rondon, tinha me filiado a algum partido político. Esqueçam essa história de
formar banda para se expressar. Se vocês quiserem falar que o céu é azul, lindo, e que
brigaram com a namorada, tudo bem. Mas, se querem resolver os problemas do país,
em vez de pegar uma guitarra, entrem para um partido, vão trabalhar, sejam honestos e
mudem as coisas. Rock'n'roll é para a gente conseguir dinheiro, sexo e diversão! (1989)
[ Recado para o público: amem a Legião Urbana. Estamos do lado de
vocês. (1993)
REDE GLOBO
[ Eu gosto muito de fazer imprensa, mas a gente não faz clipe. É muito
raro a gente fazer Rede Globo. É muito raro. Agora, também acontece
de a gente fazer o clipe de
Perfeição e ele ir direto para o Fantástico. A
Globo é importantíssima. (1995)
REGRAS
[ Isso é da minha formação. Eu não nasci com uma visão de saber as
coisas como elas são. Eu só vou saber se alguma coisa é quente porque
eu conheço o frio. Eu me coloco limites, trabalho muito assim. Tem até
um amigo meu que fala: "Hum, Renato, você e suas regras!". Mas, ora
bolas, é a minha formação: eu sou classe média e regra do começo ao
fim. (1995)
REI DO ROCK
[ Não gosto de acreditar nisso, não. É aquela tal história: as pessoas
estendem a mão para, depois, empurrar. Não esqueço isso jamais.
Também não acordo pela manhã, me olho no espelho e digo: "Bom dia,
reidorock!". (1991)
RELACIONAMENTOS
[ Eu adoro falar sobre relacionamentos humanos, e é isso que eu vejo:
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a solidão, as pessoas que se escondem. Quantos casamentos eu conheço que não deram
certo porque as pessoas não se entendem, não se conhecem! (1990)
RELIGIÃO
[ Sou católico apostólico romano, mas eu detesto... A minha Bíblia
está na minha mesa de trabalho. Agora, eu não tenho tido muita vontade
de entrar numa igreja, porque certas igrejas transmitem paz, mas em
outras eu fico pensando: "Meu Deus, quem é que varre isso? Aqui é tão
feio, tão sujo. Olha como eles são pobres! O Vaticano com tanto ouro e
eles ficam com essas estatuazinhas velhas". Acho que você pode pegar
os ensinamentos da religião e aplicar isso dentro de casa, com seu pai,
com sua mãe, sua esposa, seu filho, e com quem trabalha com você.
(1989)
[ Eu acho que existe um lado de autoconhecimento de que todo ser
humano precisa, como a gente precisa de comida e água. É aquela
bobagem: "Quem sou eu, para onde vou, o que estou fazendo aqui?".
Até agora, essas coisas eram território da religião. Só que eu acho que,
hoje em dia, a religião — a religião organizada — está totalmente
desacreditada, mas a necessidade continua. E eu estou sentindo, nessa
questão da ecologia, todo um impulso de autopreservação que é ligado,
eu acho, à sua emoção, ao seu sentimento puro. Você com o Criador,
quem quer que seja Ele, mesmo que Ele não exista. (1989)
[ Tirando a política, acho que a força motriz da sociedade é a religião.
Não confundir religião com igreja. Eu concordo cem por cento com o
que Cristo falou. Aliás, eu tenho dificuldade com isso, porque sou um
pecador. (1990)
[ Sou batizado pela católica apostólica romana. Não sigo, mas tento.
Acredito na espiritualidade das pessoas. (1994)
REMÉDIO
[ Eu estou evitando remédio. O melhor remédio hoje em dia, para mim, é sexo,
amor e saúde. (1994)
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RENATO ROCHA
(Billy ou Negrete) [ex-baixista da Legião]
[ A gente continua amigo; não houve briga. Billy teve uns problemas particulares e a
gente estava trabalhando sem ele já fazia um tempo, até que se resolveu pela
separação. Ele está mais ligado no sítio dele e nas motos. (1989)
[ Antes, estava difícil trabalhar, pois o Billy estava desinteressado, e isso acabava
refletindo em todo mundo. A gente ficava falando: "Que coisa mais chata ficar no
estúdio trabalhando! Quero voltar a estudar Antropologia ou História em Portugal!".
Quase larguei tudo. (1989)
[ Ele já não achava tão divertido quanto antes. No início, era mais rock'n'roll, era
mais festa. Com a alta vendagem dos nossos discos, a responsabilidade aumentou, e
Billy preferiu escapar disso. A saída dele não foi tempestuosa, como disse um jornalista.
Ele foi saindo, saindo... E, quando demos por conta... Billy! Billy! E ele já tinha ido
embora. Sabe aquela sensação de que a pessoa não está mais interessada?
Decidiu-se que seria melhor, para todo mundo, que seguíssemos só nós três. Aliás,
era essa a formação original do grupo. (1990)
RENATO RUSSO [ "Teve a idéia de formar Aborto Elétrico, que JAERA. Acabou, fim,
adeus,
good-bye. Continuou escrevendo e cantando músicas para quem
quisesse ouvir. Sabe de cor mais de 42 músicas dos Beatles (o que não
é um grande feito) e é fã incondicional dos Vigaristas de Istambul (a
banda mais honesta a aparecer e, depois, desaparecer). Escreve uma
peça de teatro, é professor. Todos os professores e professoras, sejam
bem-vindos!'. Não gosta de dentista, filas de espera, música de
elevador, nem de gente falsa e/ou sem criatividade. Gosta muito de
cinema e está atualmente preocupado com boatos de que a Terceira
Guerra pode começar antes que ele cumpra sua promessa de ir a Mogi
das Cruzes para se encontrar com seres extraterrestres. Como todo
ser humano, é falso em casos de emergência, e todos sabem que não é
nem um pouco criativo. Ninguém sabe, mas foi ele quem matou Sid
215
Vicious em 1432 a.C.
[Trecho de um texto escrito por ele para registrar os primeiros
passos da Legião Urbana]
(1982)
[ Eu sou Renato Russo, eu escrevo as letras, eu canto. Nasci no dia 27
de março — eu sou Áries, ascendente em Peixes. Eu trabalhava com
jornalismo, rádio, e era professor de Inglês também. Comecei a trabalhar
com 17 anos, mas, de repente, tocar rock era uma coisa que eu gostava
mais de fazer. E, como deu certo, eu continuo fazendo isso até hoje.
(1986)
[ O Renato Russo é o que dá entrevistas e batalha. O Manfredini fica
dormindo o tempo todo. (1986)
[ Eu sou um monstro, não é? Eu sou arrogante, egoísta, ambicioso,
pedante... Ah, eu me acho o máximo! Aí eu penso: Renato, você está
dando uma de bonzinho, mas no fundo isso é vaidade, você é pior do
que todo mundo. Meu Deus, e se for verdade? O Grande Arquiteto do
Universo lá é que sabe. Eu tento. Eu sou muito jovem, isso realmente
vem com o tempo, eu já não fico mais tão nervoso. Mas eu ainda sou
desbocado, impulsivo, impaciente, ansioso, violento, ciumento... Eu
também arrisco bastante, e isso é uma coisa positiva. Eu sou tipo: ah, é
para cortar o braço? Pronto, cortei; e agora? Eu não tenho medo de
fazer certas coisas. Às vezes, você se queima, mas é uma qualidade. O
que eu quero é ter disciplina, controlar o lado das emoções desenfreadas,
o mau humor. Eu percebo que as pessoas que se amam de verdade
conseguem isso. Eu fico na dúvida: será que eu já amei alguém de
verdade?
Have I ever loved anyone? Sim e não. Aquela coisa de respeito
mútuo, de respeitar o outro como parte de você e, ao mesmo tempo,
como um ser totalmente diverso, é quando pinta o amor de verdade,
que é cada vez mais raro. Mas é uma coisa que eu quero trabalhar. A
partir do momento que você consegue isso com uma pessoa, você vai
estendendo para as outras. Energia chama energia — "Dize-me com
quem andas e eu te direi quem és". Mas falar é tão lindo, eu vou sair
daqui e vou fazer a estupidez de sempre. Eu gostaria de disciplinar este
plano, de ser uma pessoa forte, no sentido de ter segurança. Se você
quer ter alguém em quem confiar, confie em si mesmo. Sei lá, muitas
vezes você entra em cada depressão por causa de babaquice... (1987)
216
[ Renato Russo é um personagem, não é? Ele que pense alguma coisa
sobre o assunto. (1988)
[ Tem gente que acha que eu sou inteligente. Tem gente que acha que
eu sou rebelde. Tem gente que acha que eu escrevo bem. Tem gente
que acha que eu sou uma farsa. Não se pode agradar a todos. (1988)
[ Gosto de Billie Holiday e Rolling Stones. Gosto de beber para
caramba. De vez em quando, um
milk shake. Gosto de meninas, mas
também gosto de meninos. Todos dizem que sou meio louco. Sou
roqueiro, um letrista, mas alguns dizem que sou poeta. (1990)
[ Não é para Renato Russo comprar briga. Ele está escondido nas
montanhas. Você me coloca tipo assim como
Big Foot, entendeu?
"Ninguém nunca o viu, mas nesta noite eu tive a chance"... Sabe? Você
descreve como é que eu estou, com a barba cheia, completamente
jogado, e não sei o quê. Mas é que eu trabalho, não é? Durante a semana,
eu não saio do telefone... Meus amigos até reclamam. Eu não ligo mais
de tarde, é impossível. Vejo uma coisa aqui, outra ali e outra acolá,
ligando e, de repente, pintando aquela conversa supergostosa e
importantésima para o projeto e que dura 50 anos, apesar de estar
cansado e querendo pensar no que vou comer. Ah, valha-me Deus!
(1996)
[ Agora eu não estou muito legal. Você nota como é que eu estou... Eu
estou bem, eu sou uma pessoa que está bem. Quer dizer, neste exato
momento, eu estou legal, mas meu processo é muito complicado. Eu
fico bem de manhã e fico mal de tarde. Hoje de manhã, eu estava
supermal, estava lá pensando nas minhas coisas. Eu não sou filhote de
Dostoievsky, entendeu? Meu temperamento e meu caráter são assim,
ora bolas. Existe é uma tradição, os medievais começaram a estudar
isso. Eu sou mais de um outro tipo de pessoa, sinto muito. Eu não estou
especialmente a fim de dançar a dança da garrafinha! Eu não acho isso
divertido. Ainda mais porque eu posso levar 25 pontos na vagina, querida!
As minhas únicas duas bandas favoritas que sobraram são Cowboy
Junkies e Jesus & Mary Chain. Quem quiser ouvir, que ouça e tire suas
conclusões disso. (1996)
217
REPETIÇÃO
[ Tenho pavor de me repetir. Não estou a fim de falar de enchentes,
Aids, governo. Quero cantar canções de amor. Já desisti de fazer músicas
para salvar o mundo. Eduardo e Mônica estão divorciados. (1988)
RESTAURANTES
[ Madame Butterfly, Viethay e Enotria. (1994)
ROBERT SCOTT HICKMON
[ Foi ele que pintou essas paredes
[do apartamento onde morava, em
Ipanema]
. Vivemos juntos aqui. Ele era gay de carteirinha. Morava na
Market Street, em São Francisco. Lá, o padeiro, o açougueiro, o dentista,
todos são gays. Eu o conheci em Nova York, em 1989: lixeiro, com uma
mochila nas costas, numa atitude de coitadinho. Ele veio comigo para o
Brasil em 1990, voltou para lá e retornou para vivermos juntos. Mas aí,
você sabe, todo gay é macho. Ele achou que podia passar por
heterossexual. (1995)
[ Bem, ele era
white trash: branco, pobre, filho de mãe alcoólatra, pai
que espancava, tudo de pior... E, de repente, achamos que um podia
ajudar o outro. Nos apaixonamos. O plano era que ele me desse uma
força para que eu parasse de beber. E eu daria uma força para ele parar
de tomar
speed [anfetamina]. Eu só parei na segunda vez que ele veio,
porque peguei hepatite. Quase morri. (1995)
[ Ele era o atleta, o belo, o prático, consertava coisas. Aquela mesma
coisa do Zé Eduardo
[o primo com quem teve seu primeiro caso
homossexual].
E eu era o cara dos livros. O Scott era disléxico,
problemático, lindo, louro... "Que maravilha", eu pensei, "que coisa
romântica". Mas ambos tínhamos coisas muito mal resolvidas. Fizemos
terapia de casal. Não funcionou, porque ele tinha uma culpa enorme
quando chegou ao Brasil. Ele se achava um cidadão de segunda classe,
por ser semi-analfabeto, ter um histórico de criança de reformatório,
de orfanato, que — bonita — sempre encontrava homens maravilhosos
218
para tomar conta. No gueto, o problema dele não aparecia. Aqui, foi bem aceito pelos
meus amigos, que me respeitam. Mas, de repente, aflorou o lado macho, e ele passou a
sofrer por não ter emprego, não conseguir trabalho. Foi em 1990, o Collor tinha
roubado o dinheiro de todo mundo. E ele tinha que me pedir dinheiro. Aí tentou
provar a masculinidade transando mulher. Como a gente estava nessa de liberar o
corpo, achei que tudo bem. A gente não estava casado e queríamos fugir desse modelo
hetero de ficar preso. Eu tenho um filho, imagine! Cada um com sua casa e sua vida.
Mas degringolou. (1995)
[ Ele me disse que, mesmo sem atração, transar com mulher lhe dava
sensação de força. Era mais fácil para ele ser hetero e batalhar a vida, do
que tentar ser gay e digno. Voltou para os Estados Unidos e nunca mais
o vi. (1995)
ROCK
[ Rock é uma atitude, não é moda. É música da África; não é música
americana. Tem no mundo inteiro. (1983)
[ Para mim, rock'n'roll é tocar, se divertir, fazer o maior auê e ir embora.
(1986)
[ Hoje, se você faz rock, basta bater na porta de uma gravadora e dizer
que tem uma banda. Eles vão te perguntar logo se é de rock; aí, você diz
que sim. "Vem cá, meu filho, mostra aqui para a gente o seu trabalho"
— é assim que vão dizer. Aí, se você tem qualidade, pronto. Os caminhos
se abrem porque tudo funciona em torno de grana. Rock, hoje, é grana
alta. (1986)
[ Hoje em dia, até os pais estão querendo que você tenha uma banda
de rock. (1987)
[ Aí o cara chega e fala: "Pô, rock'n'roll é uma barra, é um trabalho".
Trabalho o 5! No dia em que rock'n'roll for trabalho, então, não é mais
rock'n'roll. Eu tinha três empregos para ter dinheiro para comprar uma
guitarra, porque a única coisa que eu queria fazer na vida era ficar com
219
a minha guitarra, brincando, o dia inteiro. Não era uma barra. Mas vai explicar isso para
as pessoas! Elas vão dizer que eu sou pedante. (1987)
[ Rock não é
night club. O povo desmaia mesmo, em tudo que é show,
não é só do RPM. Só que o artista precisa estar atento para não perder
o contato com o público, não ficar só lá de cima, ouvindo o pessoal
gritando seu nome. (1987)
[ Eu acho que o rock ainda é um grande meio de expressão. Não tem
nada maior do que ele. (1988)
[ O rock é uma coisa limitada. Lou Reed, John Lennon, Keith Richards,
todos já disseram isso: depois de um certo momento, têm certas coisas
que não se encaixam bem no rock. As pessoas assimilam, mas entra por
um ouvido e sai pelo outro. (1989)
[ Atualmente, o rock só vai mudar alguma coisa se puder servir de
instrumento para seus ouvintes. Você pode pegar o rock como uma
disciplina e crescer, conhecer o mundo, conhecer a si mesmo. Entrar
num processo intelectual. O rock é algo que tem história. Eu tenho
quase certeza de que, se eu estivesse com 17 anos hoje, não seria
rock'n'roll,
baby. Iria fazer outra coisa. Talvez quadrinhos, vídeo ou
batalha política mesmo. (1989)
[ O rock tinha mais expressão. Hoje, como um todo, ele está baleado.
Mas acho que, enquanto houver um garoto querendo tocar uma guitarra
para ganhar as menininhas e agitar, o rock vai existir. (1989)
De todas as expressões musicais, o rock é o que mais depende de
tecnologia, de dinheiro. Hoje em dia, o rock tem uma certa atitude, ele
não é mais só música. E isso envolve muita, mas muita grana. E, num
país que está mal, como o nosso, é claro que quem não tem estrutura
dança. Muitos jornalistas vivem falando que o rock é uma raça em
extinção. Eu gostaria de saber o porquê. Queiram ou não, estamos vivos,
muito vivos! Até revistas de rock andam assinando embaixo. Mas, se
isso realmente acontecer, todas essas pessoas vão perder o emprego.
Ou você acha que as publicações roqueiras vão entrevistar Leandro e
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Leonardo? Eu duvido. Estou realmente desgostoso. A impressão que tenho é de que as
pessoas estendem a mão só para empurrar depois. Não é possível que tudo o que foi
feito até agora tenha acabado. E quem é que decide isso? (1991)
[ O rock é, talvez, o único meio que a minha geração tem para se
expressar. O jovem não lê mais, não estuda mais, a gente não tem
abertura na TV.. E também nunca dissemos que o rock é a coisa mais
importante do mundo, que somos superespetaculares. Eu não me acho
poeta e sempre afirmei que não sabíamos tocar. (1991)
[ Queiram ou não, o rock é sempre uma psicanálise. Você fala de sua
vida, se coloca nas coisas. É divertido formar uma banda, mesmo que o
pessoal hoje esteja mais interessado em imitar anúncio de TV As pessoas
que fazem arte respeitam mais o direito dos outros. Lêem, se interessam
Por isso.
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