CADERNOS CULTURAIS
[ Existe uma rixa entre os cadernos culturais do Rio, que é uma coisa
perniciosa, improdutiva e prejudicial ao leitor. É uma mentalidade
medíocre, uma coisa ressentida. Acho que, se algumas pessoas não
gostam do Brasil e querem estar em Nova York, devem ir para lá. Mas,
não; ficam escrevendo sobre os clubbers de Manchester ou que a droga
da moda é essa ou aquela. Quer coisa mais irresponsável do que esta,
quando temos no Rio de Janeiro famílias inteiras morrendo por causa
do tráfico de drogas? Agora, o Kurt Cobain se matando no palco, dando
um vexame — qualquer pessoa normal via que aquele rapaz estava
sofrendo —, os jornais vão lá e dão nota dez, porque é um grande show
de rock'n'roll. Essas pessoas precisam ter suas cabeças examinadas.
(1994)
[ De uns dois anos para cá, a imprensa brasileira, principalmente os
cadernos culturais, tem ficado muito perniciosa. Eles não chegam para
a gente e perguntam como é o trabalho. É o que a gente acha disso, o
que a gente acha daquilo. Eu acho que cada um tem que ter a sua própria
opinião. Não é porque eu, ou o Dado, ou o Bonfá, ou alguém da banda
ache uma determinada coisa, que "Ah, o Dado falou que tal filme é
legal, então eu vou achar que o filme é legal". Não! A pessoa tem que ir,
assistir ao filme e decidir de cabeça própria. (1994)
CAMINHOS
[ Tem que existir o caminho da iluminação, em que você não se destrói.
Como a gente vai falar o que acha legal sem que as pessoas se matem,
sem que nós nos matemos? (1989)
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[ Talvez, a gente pudesse fazer música renascentista, mas ficaria com
cara de Gentle Giant. Portanto, continuaria sendo rock. Não tenho
muita afinidade com samba ou jazz. Até ouço e gosto, mas não sei fazer.
Me dá muita satisfação ouvir João Gilberto, como sempre faço, mas
não saberia fazer aquilo. Se a gente tocasse melhor, poderia arriscar
outros caminhos. A Legião veio do punk. (1989)
CAMISETAS
Quando minha mãe colocava minhas camisetas para pano de chão,
eu pegava de volta: limpava e vestia de novo. Porque a gente não usava
roupa suja — era toda rasgada, mas limpinha. (1989)
CAMISINHA
[ De repente, uma porção de coisas que estão acontecendo... Não se
esqueçam, sempre, crianças: safe sex or no sex at all [sexo seguro ou
nenhum sexo]. Sexo seguro, pode fazer tudo. Contanto que seja com
camisinha. Isso é importante lembrar. (1992)
[ Uso camisinha, direto, desde 1986. Qualquer pessoa que tem vida
sexual ativa está no grupo de risco. (1994)
[ Camisinha sempre! Ninguém sabe de onde veio esse vírus. Dizem
que o Denner [costureiro e estilista] morreu desse negócio em 80, porque
o primeiro caso apareceu em 78. Então, como é que você sabe? É
completamente maluco. Tem gente que transa sem camisinha durante
anos. Sei lá, é uma coisa complicada. Agora, também tem aquela coisa:
é um castigo dos céus contra os homossexuais. Então, as lésbicas são o
povo eleito de Deus, não é? A pessoa, numa relação sexual, tem que
tomar cuidado com tudo. Senão, acaba pegando herpes, sífilis. gonorréia,
hepatite. O que eu recomendo é o seguinte: sempre andar de camisinha.
E, de preferência, camisinha importada. (1994)
CAMPANHAS CONTRA DROGAS
[ Eu pouco me importo com essas campanhas antidrogas do governo,
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mas o grande erro delas é justamente não dizer que droga é uma coisa que dá prazer só
no começo. (1991)
[ Sobre as campanhas, minha posição é a seguinte: lembrar que, se
você está usando drogas ilícitas, você está compactuando cora pessoas
que exploram outras pessoas, pessoas mentirosas, desonestas. Pessoas
com uma espiritualidade muito baixa e pessoas assassinas. E só isso.
Quando você estiver lá, cheirando, fumando seu baseado, você se lembra
de que essas pessoas que trazem isso até você são pessoas que matam e
que escravizam. São pessoas que matam crianças, que prostituem
meninas de 12 anos, que saem matando pessoas inocentes. (1994)
CAMPANHAS SOME A AIDS
[ A gente sempre é convidado. Mas, geralmente, essas coisas
beneficentes a banda não faz. Participei da campanha do Betinho contra
a fome, continuo participando. Fiz o show de abertura. Mas isso é uma
postura minha, como cidadão. Legião Urbana não tem nada a ver com
isso. Legião Urbana é para vender discos. Agora, a partir do momento
em que o governo não está fazendo nada, várias outras pessoas estão
fazendo. (1994)
CANÇÃO
[ I get along without you very well [composta por Hoagy Carmichael e
incluída por Renato Russo no disco The Stonewall Celebration Concert].
(1994)
CANÇÕES DE AMOR
[ Eu percebo que isso está aumentando, de uma certa maneira. A música
pop sempre foi baseada em canções de amor. O grande repertório, o
grande cancioneiro pop, sempre foram canções de amor, músicas
românticas. Mas eu percebo isso bastante nesses novos conjuntos de
samba, o Negritude Júnior, o Raça Negra, que estão fazendo o maior
sucesso, não é, gente? E, se você prestar atenção nas letras deles, são
todas músicas de amor. Quer dizer, os sertanejos já tinham vindo antes
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com essa temática, Roberto Carlos já tinha essa temática. Mas, agora, é impressionante!
Eu estava prestando atenção nas músicas que tocam no rádio, e as músicas só falam de
amor: eu preciso de alguém, agora que eu encontrei você, você é a pessoa mais
importante... Isso é uma coisa curiosa, porque eu acho que, a partir do momento em que a
gente tem essas músicas presentes na vida da gente — seja você ligando o rádio, ou
ligando a televisão —, isso ajuda um pouco, porque coloca que é uma necessidade das
pessoas. E é importante as pessoas não terem medo do amor. Não terem medo de amar.
Parece até que eu entendo dessas coisas, mas, ou bem ou mal, eu, como músico, presto
atenção nas letras das canções. E têm me chamado atenção, realmente, porque parece
que está tendo um renascer romântico na música popular, na música extremamente
popular. Eu acho isso muito bom. (1995)
CANTADA
[ A melhor cantada foi do Scott, em Nova York, num bar gay. Vi aquele
menino loirinho, cara de estivador, vindo na minha direção. Pedi um
cigarro, ele disse: "Não". Saiu. Voltou com um maço novinho para mim.
Ficamos juntos dois anos. (1994)
[ Eu sou muito ingênuo. Você tem que chegar com um coração vermelho
na testa, fazendo blem, blem: "Renato, eu gosto de você! Renato, eu
gosto de você!". Porque, às vezes, a pessoa está dando o maior mole e
eu não estou nem... Às vezes, chegam para mim: "Você não está vendo?"
Eu digo: "É?". E, às vezes, eu não vejo. Eu sou muito ingênuo. (1994)
CANTO
[ Eu me concentro em certas deficiências técnicas, que não me deixam
me considerar um bom cantor. Sou intuitivo, não tenho noção dos meus
limites, mas, graças a Deus, canto afinado. E, além de gostar de cantar,
tenho facilidade de cantar blues. Não tem muito branco que consegue.
No meu caso, deve ser de ouvir muito Janis Joplin. Meu timbre é
agradável. No Brasil, as vozes são muito características. Ninguém canta
como Nana Caymmi, Elba Ramalho. Na Itália, parece tudo igual. Eu
tento ir por uma praia mais clássica: Agnaldo — os dois, Rayol e Timóteo,
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Emílio Santiago. Mas tenho rompantes de Iggy Pop e Jim Morrison também. (1995)
[ O que me faz cantar, hoje, são uma boa melodia e uma letra
interessante. Gosto muito de cantar. Às vezes, fico a tarde inteira ouvindo
meus discos favoritos e cantando junto. Dinheiro me faz gravar discos,
é diferente. (1995)
CANTORAS
[ Maria Bethânia e Maria Callas. (1994)
[ De rock, gosto do Greg Lake e Scott Walker. Também gosto de
Thomas Hampson e Dietrich Fischer-Dieskau. No Brasil, é Caetano.
(1994)
CARETA
Eu nunca conseguia namorado. Agora, que estou careta, está chovendo
na minha horta. (1994)
CARLOS TRILHA
Ele começou a trabalhar com a gente na turnê do V, em 92, e a gente
se deu bem. Eu acho o Trilha um músico excepcional, e é bom porque
eu posso implicar com ele. Ele não tem disco em casa e não sabe metade
das coisas que eu sei. Ele adora boogie-woogie e não sabe que o estilo
que ele toca é Nicky Hopkins/Ian Stewart. "Ah, é mesmo, Renato?".
Ouve Jimmy Smith, sabe essas coisas? A gente tem um relacionamento
super, superlegal. "Você tem que ouvir Beatles!". Eu entro com a parte
de concepção e de fã, e ele entra com a parte técnica. Na hora de mexer
nas máquinas, na hora de fazer o arranjo de cordas, é o Trilha. Porque
eu não sei de nada. Eu ouço e falo: "Hum, eu não gosto disso". "Está
bom, Renato, eu sei, você quer uma quarta". Ele faz a quarta, eu ouço e
digo: "É isso!". (1995)
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[ O encarte [do disco Equilíbrio Distante] vai ter uma foto do Trilha,
de óculos escuros, tipo bofe, assim... Esse carinha fez quase tudo. (1995)
[ Nesse próximo disco [A Tempestade], eu vou chamar o Trilha para
fazer os teclados, porque eu não estou com saco para ficar aprendendo
a tocar as músicas. A coisa mais chata é você bolar uma música e chegar
na hora e não saber tocá-la. Porque a gente não tem muita técnica.
(1995)
CASAMENTO
[ Enquanto eu não me segurar como indivíduo, nem pensar! É claro
que já tenho meus príncipes e minhas princesas. Quero descobrir o
mundo com várias pessoas. Agora, mais tarde, lá pelos 40 anos, talvez
pense em casar. Por enquanto, este é um campo instável. (1987)
CASAMENTO HOMOSSEXUAL
[ Casamento entre pessoas do mesmo sexo, para mim, não é uma
questão importante. Se querem casar, tudo bem. Agora, foram cinco
mil anos de opressão heterossexual... Quer repetir isso? A união tem
que ser reconhecida legalmente. tem que ter direito a herança, plano
de saúde etc.. Da mesma forma, a lei precisa rever suas normas quanto
a avós que criam netos, mães solteiras, por exemplo... O que o padre
vai falar? "Você, João Roberto, se compromete a obedecer ao Zé Carlos?".
Quem vai ser homem, quem vai ser mulher? Quem vai ser o bofe que
toma conta da casa e quem vai ser a outra parte. submissa? Comigo, não
funciona assim. Não quero estar com um cara que fique em casa
cozinhando. Quando estou com alguém, um dia, um cozinha; outro
dia, o outro. Porque ambos trabalhamos. Melhor ainda: contratamos
uma boa cozinheira, e ninguém fica com a obrigação. (1995)
CAZUZA
[ Eu tenho uma superligação com o Cazuza, a gente nasceu na mesma
cidade, somos do mesmo signo e quase da mesma idade [Cazuza era
um ano mais velho], e temos o mesmo trabalho — somos letristas e
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cantamos — e nós dois somos loucos. Eu não apareço tanto, mas sou muito parecido
com o Cazuza. (1989)
[ Acho que o Cazuza é superlegal. Ele viveu intensamente! Eu não
tenho coragem de fazer isso. Ele levou a vida dele para além dos limites.
(1990)
[ O lance de você ter uma postura gay — eu não gosto dessa palavra —
é mais uma questão política. Essa questão toda da Aids, o lance do
Cazuza [a morte em decorrência da Aids, em 7 de julho de 1990], isso
tudo até hoje me deixa assim... A gente tem o mesmo tipo de vida. Só
que, como não tenho uma formação de Zona Sul, eu não era muito
espalhafatoso. Eu ia no bas-fond lá em Brasília. Ninguém sabia quem eu
era. O Cazuza, não. O pai dele, trabalhando em gravadora, conhecia
todo o meio artístico, era amigo do João Gilberto. (1990)
CELEBRAÇÃO
[ Quando as pessoas cantam nossas músicas, é como se fosse uma
celebração. As pessoas falam que nossa música tem a ver com a vida
delas. Nossos shows não são somente entretenimento. Cantamos músicas
que marcam e, de repente, todas essas músicas são tribais. A gente é a
banda de rock mais rock do Brasil. (1994)
CENSURA
[ Censura, não. Nunca! Tudo bem, as pessoas têm o direito de se
expressar... Mas "mulher é tudo vaca" é o cúmulo. (1992)
CHATOS
[ Sempre tive essa teoria — e é um crime eu falar isso. O povo que
conhece MPB, gosta de MPB e só ouve MPB, que tem uma relação
religiosa com a MPB, geralmente são pessoas chatinhas. Têm umas
músicas emblemáticas de rodas de violão que eu acho muito chatas.
(1995)
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CHORINHOS
[ Queria ter gravado uns chorinhos em inglês, falando mal de todo
mundo. O Dado comprou um bandolim. Descobri que If I fell, dos
Beatles, daria um belo chorinho. (1993)
CIDADANIA
[ Quando nós, músicos de uma banda como a Legião, temos um
comportamento correto, isto já é cidadania. Não precisa ficar
distribuindo toneladas de feijão por aí. [Em 1994, quando fez esta
declaração, Renato Russo doou metade da receita obtida com a venda
do CD The Stonewall Celebration Concert para a Ação da Cidadania
Contra a Miséria e a Fome e Pela Vida liderada pelo sociólogo Herbert
de Souza, Betinho.]
CIGARRO
[ Cigarro é foda! Eu estou tentando parar, mas não consigo: eu adoro.
Além de ser um viciado, eu gosto. (1995)
[ Você viu como eu sou um tolo? Fumo que nem um desgraçado e,
depois, fico tossindo. (1996)
CINEMA
[ Eu não tenho tido muito tempo de ir ao cinema. Outro dia, eu revi
Um lobisomem americano em Londres — eu adoro esse filme. Para mim,
não é só uma história de lobisomem, é uma história de amor belíssima.
Cinema... eu gosto muito. (1986)
Eu gosto muito do cinema inglês. Aliás, gosto de tudo que é inglês.
Tem um cineasta, Peter Waktins, que fez um filme chamado Privilégio,
que é um dos meus cult movies. O Joseph Losey é americano, mas
gosto muito da fase inglesa dele. Aquelas coisas que ele fazia com o
Harold Pinter, como Accident e The go between [O mensageiro]. Eu
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também adoro Visconti — Os deuses malditos, um dos meus favor.:: Morte em Veneza.
Gosto de Jean Renoir, tipo A regra do jogo, que e melhor filme a que já assisti. Tenho
até que ver de novo, para confirmar ou não. Do cinema francês, ainda gosto de Truffaut,
Jules e Jim. Mas eu gosto de qualquer coisa, muitos filmes B. E, atualmente, do novo
cinema inglês, de Steven Frears, que fez Samy and Rose e My beautiful
laundrette. E de Fernanda Torres, ou desses filmes americanos bobos, tipo The lost
boys [Garotos perdidos]. Me amarro em filmes com jovenzinhos. (1988)
[ Como não tínhamos o que fazer [em Brasília, na década de 70],
descobrimos muita coisa de graça, que as outras pessoas não
aproveitavam, não sei porquê. Por exemplo, na embaixada da França,
sempre passavam filmes gratuitos: Renoir, Cocteau... No Instituto
Goethe, eram Fassbinder, Wim Wenders... Não entendíamos nada! Mas,
já que era de graça, então, vamos! (1989)
[ Tem um cineasta novo excelente: chama-se Gus Van Zandt. O
primeiro filme dele chamava-se Malas noches, uma historinha de um
cubano que se apaixona por um bancário, superlegal, custou meio milhão
de dólares. Aí, naturalmente, ganhou todos os prêmios. O segundo filme
é Drugstore cowboy, fabuloso, muito legal. O Matt Dillon está ótimo. O
filme é de um humor impecável. Não gosto muito de filmes de guerra
ou que tocam na questão racial, acho muito chatos. (1990)
O cinema independente americano é muito bom. Eu gosto muito
dessas produções independentes de temática gay que têm aparecido
agora. Gosto do trabalho do Todd Haynes, do Gregg Arai, um asianamerican,
do cinema italiano... Eu acho que o cinema brasileiro está
vindo com força total, a produção de curtas está muito legal. Tem uma
galera fazendo coisas muito legais. O cinema australiano está muito
forte. Enquanto houver gente querendo falar, acontece. O que eu estou
um pouco emburrado é com o cinema comercial americano. Chegou
num ponto em que eu adivinho as histórias. É aquele pequeno mundo
de Hollywood. (1995)
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CÍTARA
[ Passei quase um período de gravação inteiro [do disco O
Descobrimento do Brasil] tentando tocar citara, até aprender. No final,
pensei: "Se o Brian Jones pode, eu também posso!". (1993)
'CLARISSE' [que ficou fora de A Tempestade e foi lançada,
posteriormente, em A Ultima Estação]
[ Eu achei que, num país sem cultura, sem afirmação, e passando por
um momento tão difícil, seria uma sacanagem lançar esta música. Porque
a gente iria acelerar o desenvolvimento de certas emoções ou certas
informações. É tipo: "Criança, esse filme não é para você!". E não é
para você, mesmo, entendeu? Os Mamonas provaram que estas divisões
morais — e do que quer que seja aqui no Brasil, os valores religiosos
etc. — foram as primeiras a dançar, porque a criança sabe o que é a
verdade. E, de repente, eu achei que, se nós tivéssemos a chance de
colocar esta música dentro de um contexto que a explicasse, tudo bem.
Na concepção original do álbum, ela só entrou porque foram várias músicas que a
gente fez. Mas o disco totalizou 85 minutos e acabou ficando pop. (1996)
CLÁSSICOS
[ Me desculpem a modéstia, mas todos os LPs da Legião Urbana têm
clássicos. Mas o que é que eu posso fazer? É verdade. Alguns têm mais,
outros têm menos, mas vamos parar com essa coisa de primeiro disco,
segundo disco. É a discografia toda. A gente é fã de rock'n'roll, então, a
gente sabe que, de uma grande banda, todos os discos são bons. Não é
para comparar com Beatles, que é a maior banda do universo. Mas, do
Please, Please Me ao Let It Be, todos os discos são bons. O Nirvana
estava indo por esse caminho também. Tudo o que o Nirvana já lançou
é bom. E é a mesma coisa com toda grande banda. Às vezes, tem uma
grande banda — principalmente se ela tem uma longevidade, assim,
estonteante, aquela banda que durou 20 anos — que tem alguns
percalços. Mas, em geral, por que você vai lançar ura disco com material
que não presta? Para satisfazer a gravadora? Para ganhar uma grana rápida?
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O que vai ficar é o disco. Não vão ficar as fotos, não. O que vai ficar é aquele momento
em que você compra o disco novo do Led Zeppelin, aí você coloca: "Pô, os caras
continuam bons para caramba!". Isso é que fica. O Sepultura é assim. O Metallica é
assim. Têm outras bandas, já, que não são. Você compra o segundo, o terceiro disco e diz
assim: "É..." No nosso caso, pelo fato de a gente mudar um pouco a coisa, uma pessoa
pode gostar mais do primeiro disco, do que, por exemplo, do V. Ou, então, a pessoa que
gosta do V não gosta muito do Que País é Este, que é mais pauleira. Mas todos têm um
certo nível de qualidade. (1993)
'CLOTHES OF SAND' [faixa do disco The Stonewall Celebration Concert,
composta por Nike Drake]
[ Eu descobri Nick Drake há pouco tempo, uns dois anos. É superdifícil
achar os discos. Ele é um anjo. Ele tem uma sensibilidade extrema. Dá
vontade de falar "Dá Prozac para o menino", mas sem a coisa
modorrenta. Esta música tem uma ligação com o rock progressivo, que
eu também tenho. Parece com aquelas baladinhas do Genesis. Gravei,
também, um pouco por vaidade, para não assustar, porque o povo pega
um disco que tem Billy Joe, Don Henley... Clothes of sand foi difícil,
acho que levei uns três dias para acertar. (1994)
COBRANÇA
[ Eu acredito que, por exemplo, a Xuxa falar de determinadas coisas,
de uma determinada maneira, não é mesma coisa que eu, ou o Cazuza,
ou mesmo um Chico Buarque. A cobrança vai ser diferente. Então, eu
sinto que eu tenho que tomar cuidado com isso. Se o meu trabalho
fosse um pouco mais leve, se fosse uma coisa mais de entretenimento,
e não de informação — como eu gosto de acreditar que é —, talvez.
Mas, na verdade, as pessoas se identificam com o que eu falo porque eu
falo do universo interior das pessoas, do meu universo interior. Aí, isso,
realmente, pode embolar um pouco o meio de campo. (1995)
COLEÇÃO
[ De livros e CDs. (1994)
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COMEÇOS
[ Não existem fins, existem meios. Eu sempre penso em começos,
nunca em fins. (1986)
COMIDA
[ Gosto de comida tailandesa, massas ou qualquer comida bem feita.
Das brasileiras, gosto de feijão, arroz e batata frita. Odeio fígado...
Também odeio comer sozinho. (1994)
COMPOSIÇÃO
[ Antigamente, eu escrevia as letras antes e, depois, ia encaixando nas
músicas. Atualmente, já penso mais em como é que vai ficar a letra na
música, e tento fazer junto. (1986)
[ Marcamos estúdio e cada um já leva alguma coisa pronta. O Bonfá
compõe bastante. Aliás, as pessoas têm mania de achar que sou eu que
faço tudo. O Dado, às vezes, traz a melodia acabada, só fica faltando a
letra. (1995)
[ Desde As Quatro Estações, Bonfá faz um rhythm track na bateria, e a
gente vai atrás, montando a música aos pedaços. Eu coloco sempre muito
violão. (1995)
[ O mais complexo é escolher as letras. Na hora de gravar o disco, nós
sentamos e escolhemos o que tem de melhor nas fitas. Gravamos na
pré-produção e sai uma beleza, mas, depois, não conseguimos reproduzir
igualzinho, o que é um saco. Somos mais intuitivos do que músicos. A
parte que demora mais é a composição das letras. Demorei três meses
para escrever Há tempos. (1995)
A gente faz uns pedaços, depois pega e fica ouvindo. Já devo ter
umas cinco ou seis letras e mais uma porção de idéias para o próximo
disco. Guardo tudo numa sacola velha. Se, por acaso, uma letra não
entra no disco, guardo e depois coloco em outro que tenha a ver. Também
coleciono possíveis títulos. (1995)
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COMPOSITOR
[ Bob Dylan. (1994)
COMPOSITORES
[ Teve uma época em que só ouvia compositores bem antigos, até o tal
do anônimo. Aliás, esse cara escreveu muito! E coisas mais recentes,
tipo Debussy, Eric Satie e Stravinsky. Agora, de dois anos para cá, tenho
escutado muita música romântica, que antes achava chato, tipo Brahms,
Schubert. Gosto muito de anos 60 e 70. Dos 80, não ouço quase nada.
Não gosto. Não tenho saco para ouvir New Order e The Cure. Já David
Bowie e Rolling Stones eu adoro. (1995)
COMPREENSÃO
[ A questão da compreensão é muito complicada. Eu, por exemplo,
não entendo nada de absolutamente nada. Eu vou levando a minha vida.
Com a minha experiência de vida, interpreto as coisas de uma
determinada maneira, mas eu posso estar errado. (1995)
CONFLITO
[ Numa fase, tudo era conflitante. Eu amava meu filho
desesperadamente, e me sentia culpado. De manhã, quando eu saía
para comprar o jornal, aproveitava para passar no boteco e bebia para
caramba. Voltava para casa reclamando do mundo, achando tudo uma
merda. Eu não saía mais de casa, só por obrigação. Quando tinha que ir,
por exemplo, à entrega de algum prêmio, ficava o dia inteiro me
preparando, justamente, para aparecer legal naquela vez e todo mundo
achar que eu não tinha problema nenhum. Bebia antes de sair, para
recusar polidamente as bebidas que poderiam ser servidas no evento, e
enfiava a cara na garrafa quando voltava para casa. Estava inchado, mas
me olhava no espelho e dizia: estou gordinho, ninguém vai perceber
que não estou bem. (1995)
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CONFORMISMO
[ Nosso trabalho, além de ser uma forma de expressar nossas mazelas,
nos deu a chance de viajar pelo país inteiro. As pessoas estão dormindo!
Eu detesto conformismo] Está todo mundo sendo enganado. Quem faz
anúncio para salvar o Brasil, hoje em dia, é banco ou bebida alcoólica.
Eu tenho que encontrar alguma coisa que me leve adiante e, certamente,
não é esse leite de magnésia que todo mundo está tomando. Porque, se
eu tomasse leite de magnésia, não teria feito esta banda. (1989)
CONSCIÊNCIA
[ Eu acho que, hoje em dia, todo mundo tem consciência. Mas não
temos informação. (1993)
CONSUMISMO
[ O que existe, hoje, é consumismo desenfreado. É a TV dizendo qual
o seu sonho de consumo. Isso existe há décadas, mas não como hoje.
Tanto que, agora, existe uma discussão sobre valores éticos no país, e
não se chega a conclusão nenhuma. As pessoas perderam o sotaque, e
Maceió é igual a Porto Alegre. Uma pasteurização que o fascismo usa
muito bem. (1995)
CONVIVÊNCIA NA LEGIÃO
[ Conviver com uma banda é superlegal. Para mim, é uma das coisas
mais importantes da vida. Acho que trabalho é uma coisa muito
importante. Eu tive sorte de encontrar não só o Dado e o Bonfá, mas
uma equipe que acredita no que a gente faz. Eu acho o Bonfá o mais
inteligente da banda, mas ele é mais caseiro. Então, fica parecendo que
eu sou o mais inteligente, o mais culto. O Dado é o mais sensível. No
fim das contas, cada um de nós é uma pessoa, mas, pelo fato de a gente
ter trabalhado tanto tempo juntos, cada um de nós é uma parte da
Legião Urbana. Nós temos muitas coisas em comum. E isso é
impressionante, porque somos três pessoas completamente diferentes.
(1994)
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[ É uma das melhores coisas do mundo. Porque existem amizade,
respeito e uma troca de experiências muito legal. É como se fôssemos
primos. Dado e Bonfá respeitam a minha opção e eu, a deles. Não rola
nada por aí — e eles são dois gatos, lindinhos. Mas há uma maturidade,
e vamos resolvendo os problemas que aparecem. Temos brigas,
discussões, a banda já terminou umas dez vezes, mas sempre voltamos.
Porque o trabalho é a coisa mais importante e olhamos o mundo na
mesma direção. (1994)
[ Como eles são mais jovens do que eu — isso não é uma coisa que
parte de mim —, às vezes eu sinto que eles se ressentem de ser essa
coisa de Renato Russo, Renato Russo, Renato Russo. O vocalista aparece
mais, mas, às vezes, as pessoas têm a impressão de que eu faço tudo. E
eu não faço tudo, não. Têm músicas inteiras que o Dado me entrega a
fita pronta, eu só coloco a letra. E as pessoas não vêem isso. Eles também
não gostam muito de fazer entrevista. (1995)
[ O mais bacana é que a gente foi jantar, outro dia, e chegou à seguinte
conclusão: é tão bom estar numa banda de rock, cara! É tão bom! Ainda
mais quando a coisa dá certo. (1995)
[ Estávamos fazendo um disco [A Tempestade], e a gente discutiu e
conversou muito durante esse disco. Bonfá voltou com um humor
maravilhoso de Londres, depois da masterização. Eu e o Dado pudemos
reaver um diálogo que faltava entre os três. Um diálogo que, às vezes,
ele tinha com o Bonfá, o Bonfá tinha comigo, e eu tinha com o Dado.
(1996)
COPA DO MUNDO
[ Uma das coisas que mais estão me incomodando é esta Copa. É a
coisa mais fascista que eu vejo no momento. Amo o futebol maravilhoso,
mas esta histeria não tem nada a ver. (1994)
[ Se o Brasil perder, os rapazes da seleção não devem virar bodes
expiatórios e o país, um caos. Há coisas mais importantes do que 11
caras correndo atrás de uma bola. (1994)
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COQUETEL [mistura de AZT e outros medicamentos contra a Aids]
[ Quando o tomo, é como se eu estivesse comendo um cachorro vivo,
e ele me comesse por dentro. (1995)
CORPO
A parte do meu corpo que eu mais gosto é meu cérebro. E também
adoro as minhas mãos. (1994)
CORRUPÇÃO
[ Eu sou de família italiana, e meu pai sempre disse: "Meu filho, você
vai começar a trabalhar cedo, que nem eu, não faz mal a ninguém. Não
vou ficar sustentando vagabundo". Aí, eu fui. Comecei dando aulas de
Inglês, passei no vestibular com 17 anos, para Comunicação, e consegui
me sindicalizar como jornalista antes mesmo de me formar. Cobria a
parte política, e todas as minhas ilusões, de querer salvar o mundo, ser
o bastião da verdade, acabaram ali. Porque eram muita treta, muita
enganação, muita coisa por baixo do pano; você escrevia as coisas e o
editor não deixava. Fui ficando muito desiludido, e isto foi me puxando
cada vez mais para o rock, porque os punks estavam falando justamente
disso, da hipocrisia. Você faz tudo direitinho, estuda, trabalha, e depois
vê que é essa corrupção, não só a nível governamental, mas em tudo.
(1988)
[ O V, feito em cima da crise do Collor, era o disco da lama. Agora,
mesmo com toda essa sujeirada da CPI, a gente quer mostrar que este
país não é só de corruptos. (1993)
[ Quando vejo esses corruptos mentindo com a maior desfaçatez, minha
vontade é matar todos eles. Mas eu sei que isso não adiantaria nada.
(1993)
CRESCIMENTO
[ A gente deu muita sorte, teve a chance de fazer o que gosta e ser
remunerado por isso. Então, você vê as coisas diferentes. Passamos pelo
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primeiro e pelo segundo discos. Cantei Será para 20 pessoas e para 30 mil pessoas.
Visitamos o Brasil inteiro, conhecemos o país e os lugares. Através das entrevistas,
sabemos das questões que estão sendo colocadas. Temos lido jornal, estamos com as antenas
ligadas. E, depois que o tempo passa e você consegue manter uma certa perseverança em
seu trabalho, isso faz com que você cresça. É a tal história: se da primeira vez me queimei
porque a sopa estava muito quente, da próxima vez vou pegar a colherinha e soprar até
esfriar. Então, têm certas coisas que a gente já viu. É como se estivéssemos antes no préprimário
e, agora, na segunda série. (1988)
[ Eu tenho 27 anos e não faço as coisas como antigamente; me preocupo
com minha família. Envelheci como todo mundo. Com uma diferença:
cresci em público. (1988)
CRIANÇAS
[ Acho que o mais importante é a gente redescobrir as coisas. Com as
pessoas mais próximas, sinto que isso tem vindo através das crianças. É
o que está acontecendo com a minha geração. Eu, realmente, estou me
lixando para o que vai acontecer com as baleias, com as árvores, ou com
a Amazônia. Mas, e meu filho? Vai ser uma sacanagem da minha parte
se eu não me importar mais com a Floresta Amazônica. Eu, qualquer
coisa, viro Blade runner. Arrumo uma sala como esta, boto tudo o que
eu preciso ali dentro, e foda-se. Mas não dá, temos de pensar nas outras
pessoas, principalmente nas que estão vindo agora. É a maior injustiça
eles não terem o mundo que você teve. Do jeito que estão indo as
coisas, um garoto de 2 anos hoje, quando estiver com 8, 9, 10, não vai
mais ter. Não vai ter, gente! (1989)
CRÍTICA MUSICAL
[ Não pensem que a gente está no bem-bom, porque quem faz rock
também está tendo as mesmas dificuldades de criação. É muita pressão,
principalmente por parte dos críticos. Quando a gente apareceu, todo
mundo ficou surpreso, porque eles achavam que quem faz rock não é
inteligente. Então, aparecendo a gente, o RPM, os Voluntários da Pátria,
o Ira, Paralamas... "Poxa, mas realmente. Olha, que bacana, o pessoal
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que faz rock tem cabeça. Não é aquela coisa antiquada de ficar só fazendo versões e só
cantando blau-blau!". O que acontece é que eles são muito exigentes. O que eu estou
sentindo é que eles vão exigir uma coisa muito forte da gente quando, de repente, eu
não estou mais a fim de fazer coisas tão sérias assim. Eu quero fazer uma música com
que as pessoas se sintam bem. Claro, com uma letra que tenha um certo conteúdo, mas
sem precisar falar de angústia, solidão, suicídio, morte e peste. (1985)
[ A maioria dos jornalistas não pode falar de rock, porque não entende
nada do assunto. Esse povo da Folha de S. Paulo é detestável. Ficam
fazendo modelinho yuppie em festa de lançamento. Conhecem Calvin
Klein e não conhecem James Dean. Falam sobre Smiths e nunca ouviram
Mamas and Papas. Não vou ficar citando Kierkegaard para essa turma.
(1988)
[ Se a crítica valesse alguma coisa, a gente não teria vendido o Que País
é Este em São Paulo. Saiu bem grande num jornal lá: "Legião Urbana
lança disco esquálido e primitivo". Eu nunca vou me esquecer. No
entanto, o crítico que escreveu isso teve que ouvir a música por mais de
um ano, tocando sem parar, em todas as rádios. Eu acho que, aqui no
Brasil, têm muito ranço, muita picuinha. Outro dia, o cara acabou com
a Orquestra Sinfônica Brasileira de tal maneira que, depois, na seção de
cartas, um leitor tentava fazer com que o crítico entendesse que um
músico clássico brasileiro tem que ter dois ou mais empregos, e lutar
contra Deus e o mundo, para continuar tocando dignamente.
Geralmente, o que eles pegam é a cobertura do bolo, o resultado final,
esquecendo-se das dificuldades. Porque você pode até fazer uma crítica
apontando as falhas, mas, ao mesmo tempo, encorajando as pessoas. O
que geralmente eles fazem é jogar seu ressentimento em cima das falhas
das pessoas. (1991)
[ Em geral, os críticos respeitam a gente para caramba. Nunca pudemos
reclamar da crítica, não. O que mais me deixa chateado, repito mais
uma vez, é o fato de virem com essa: "As letras são muito inteligentes,
mas vocês [do rock] são uma raça em extinção". (1991)
As maiores críticas negativas foram para o disco V. Nisso, eu incluo
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músicas que são as minhas favoritas, como Metal contra as nuvens, Teatro dos vampiros e
Vento no litoral. (1994)
[ A imprensa tem sido mesquinha demais. Só quem não tem um pingo
de sensibilidade não vê que a gente trabalhou com enorme dedicação
em O Descobrimento do Brasil, procurando fazer letras mais simples.
Tenho certeza de que conseguimos isso, mas alguns cadernos culturais
do Rio acabaram com o disco. Para mim, isto é inveja. Deve ser porque
eu sou gay, maravilhoso, e não preciso ficar indo a festinhas para me
promover, não sento mais no chão com os amigos fumando baseado e
ouvindo Ramones. Eu fico em casa ouvindo Mozart. (1994)
[ Alguns jornalistas estão contra a gente, porque cismaram que nos
inventaram. Querem enterrar a Legião como fizeram com os Paralamas
e seu último disco, achar bandas novas, glorificá-las e, depois, acabar
com elas. Vai ser assim com Chico Science e Raimundos, que acho
muito bons. É uma rejeição natural, cíclica, mas sem nenhum critério
de informação. (1994)
[ Já fomos os queridos da crítica, até o terceiro disco. Mas é chato
saber que aquilo que deu tanto trabalho vai ser julgado por um cara que
ouve três segundos de cada faixa, para dizer se é assim ou assado. Houve
uma crítica sobre O Descobrimento do Brasil que decorei, de tão ridícula:
"O Brasil descoberto pela Legião Urbana é tão decepcionante quanto
as denúncias de corrupção da CPI". Puxai Teve outra que dizia: "As
letras são ininteligíveis, não fazem sentido, como 'Meu tornozelo coca
por causa de mosquitos/Estou com cabelos molhados/Me sinto livre'".
Nossa, ou essa senhora não toma banho, nunca foi à praia, ou em São
Paulo não tem mosquito! (1995)
Foda-se a imprensa! Sou formado em Jornalismo e sei como funciona
essa corja. O Caetano lança um disco e ninguém sabe opinar. Muitos
mal podem comprar um CD e vêm dizer que Elástica é o máximo,
porque um boboca lá do Melody Maker recomendou. Depois que o
público conhecer o álbum, eles vão ver que Elástica é uma merda. São
raras as exceções. O Caetano tem toda razão: essas bichas são danadinhas.
(1996)
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[ Eu não me importo com o que a imprensa fale de mim, desde que
meu disco venda. Como diz Mick Jagger: "Tanto faz o que dizem na
página 93 da revista, desde que eu esteja na capa". No Brasil, este tipo
de coisa é mais cruel, na medida em que as pessoas são mais ignorantes.
(1996)
CUECA
[ BVD. Se não encontrar esta, qualquer uma de algodão. (1994)
CUIDADOS COM O CORPO
[ No momento, manter-me longe do álcool já é um milagre. (1994)
CULPA
Acredito em um poder superior. Ontem mesmo, fiquei deprimido
por falar no Scott, da minha culpa em relação aos meus pais. Confuso
por ter visto meu filho. Culpado por meus pais serem tão maravilhosos.
Tive que trabalhar a noite inteira para esquecer isso. O que me salva? É
saber que existem coisas além da minha compreensão e que eu não sou
o dono do mundo. (1995)
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