Carta de Aziz Santos demostra que alguma coisa grave está acontecendo com sua legenda, o PDT.
Este seria o feito
da falta de entendimento entre os membros de um grande partido político de nosso estado.
Alguma coisa muito séria estaria acontecendo com o PDT maranhense, um partido com centenas de seguidores, com eleitorado garantido, que fez a diferença em todas as disputa eleitorais da cidade. Lamentável que o partido fundado pelo ex-governador, Jackson Lago, apontado como o melhor prefeito que São Luís já teve, tenha um desfecho desses.
Ao que tudo indica, outro pedetista
histórico decidiu abandonar o partido num importante momento político, atitude, essa, que,
para os militantes seria impensável em outros momentos. O pior: tudo indica
que esta não é uma ação isolada, espera-se, em breve, que outros militantes tomem o mesmo
posicionamento de esvaziar a legenda.
Fiquem abaixo
com a carta de desfiliação do pedetista Aziz Santos:
São Luís, 08 de
junho de 2012.
À Comissão
Provisória Estadual do PDT
Nesta
Senhores
Dirigentes,
Na última
reunião política que participei sob a liderança do ex-
governador
Jackson Lago, na casa do companheiro Clodomir Paz, na
véspera da
viagem que fez a São Paulo para tratamento de saúde, de onde
voltou sem
vida, disse a ele que o PDT Nacional já não tinha projeto de
poder, que se
transformara num partido de aluguel, tanto que, em minha
opinião, se o
Serra tivesse sido eleito Presidente, a Direção Nacional o
buscaria para
entregar-lhe a legenda em troca de favores.
Na sequência,
sugeri que, sob sua liderança, saíssemos todos do
PDT em busca de
um partido mais próximo dos nossos ideais, tendo o
cuidado de
afirmar que, se a minha sugestão não tivesse acolhida,
continuaríamos
com ele, Jackson Lago, na luta e na mesma trincheira
partidária,
ainda que ela já tivesse perdido a razão de existir dignamente.
Do alto de sua
experiência, o companheiro Jackson nos disse que já não
tinha idade
para isso. Passou-nos, então, as suas últimas orientações sobre
como deveríamos
conduzir o Partido na sua ausência.
A propósito, a
historiadora Marly da Silva Motta, da FGV, declarou
recentemente
que o PDT “manteve o nome, mas perdeu a alma”,
desaparecida
esta com a morte de Brizola.
O PDT foi o
único partido político da minha vida. No entanto, sinto
que chegou a
hora de pôr fim à agonia de permanecer num corpo sem
alma. A
principal razão de comunicar a V. Sas. a decisão de afastar-me
desta
agremiação partidária, para a qual dei a minha humilde parcela de
contribuição ao
longo dos últimos 26 anos, é a já exposta. Sozinha, já seria
suficiente para
esta tomada de decisão. Todavia, ela não está solteira. Os
últimos
acontecimentos envolvendo o Partido a nível local embrulham-me
o estômago. Não
me sinto representado pelos atuais dirigentes, até pela
forma
antidemocrática como assumiram a direção partidária. Cansei de
dialogar e de
mostrar que o caminho tomado não interessa à democracia
interna do PDT,
nem às forças progressistas do Estado. Assim, antes que
nos aconteça o
pior, tomo a decisão de afastar-me do estéril rumo que a
agremiação
insiste em trilhar. Em
ponto menor, existe ainda outra razão
para o meu
afastamento, adiante descrita. (Devo informar que esta decisão
foi transmitida
pessoalmente a Dra. Clay Lago, por quem nutro especial
admiração,
respeito e gratidão).
Trata-se das
dívidas remanescentes do PDT. Devo relembrar-lhes
que elas foram
constituídas ao longo de nossa caminhada e junto a
parceiros que
sempre estiveram conosco na luta pela redemocratização do
Maranhão. Como
sempre acontecia, o signatário as contraía, em nome do
Partido, por
autorização do seu então Presidente Dr. Jackson Lago. Os
credores ainda
hoje me perguntam se/e quando vão recebê-las. Perguntam
a mim, e a
ninguém mais, justamente porque fui o avalista moral das
avenças. Sempre
lhes respondi que tivessem paciência, pois que o nosso
Partido era uma
agremiação séria e nada afeita a calotes. Continua sendo?
Conhecem a
natureza das dívidas, entre outros, os companheiros Clodomir
Paz, Chico
Leitoa e Antonio Carlos Lago, que tudo fizeram para resolver
as pendências.
Não poderia
afastar-me sem dizer-lhes que, há cerca de dois anos e
mais, venho
sendo acusado de três coisas dentro do PDT: de incompetente;
de mandar no
governo do saudoso companheiro Jackson Lago; e de
improbidade. Em
relação à incompetência, a minha vida profissional fala
por mim – são
47 anos de trabalho em várias frentes; sobre mando de
governo, quero
dizer que jamais tomei uma decisão sequer que não tenha
sido autorizada
pelo ex-prefeito e ex-governador Jackson Lago. Só mesmo
quem não
conheceu o Dr. Jackson é que pode pensar que alguém se
sobrepunha à
sua marcante autoridade; sobre insinuações maledicentes e
cínicas de
improbidade no trato da coisa pública, chegou a hora de dizer a
quem possa
interessar (militantes e/ou dirigentes partidários): ofereçam
provas de um
único ato de improbidade que eu tenha praticado em meus 47
(quarenta e
sete) anos de trabalho. Não precisam dois, basta um. Não vão
encontrar.
Ah! A Gautama,
processo em que o Jackson Lago, Zé Reinaldo,
Wagner Lago, eu
e tantos outros fomos indiciados. Espero há 5 (cinco)
anos que a
Justiça me convoque para eu oferecer a minha defesa. Processo
sem pé e sem
cabeça, armado pelos nossos inimigos para macular a honra
dos que se
mantêm de pé. O Dr. Jackson morreu e não teve a oportunidade
de se defender.
A minha
contribuição para a democratização e o desenvolvimento
do Maranhão vai
continuar a ser dada, ao lado das oposições, ao meu modo
e dentro de
minhas possibilidades, independentemente de estar militando
em partido.
No PDT construí
amizades que muito prezo. De minha parte, tudo
farei para
mantê-las.
Afasto-me sem
dor nem saudades. Simplesmente, afasto-me.
Abdelaziz Aboud
Santos.
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