Imagem de Décio dentro da Mirante, do lado de fora não tem câmeras...
A semana começou triste e terminou nervosa. Na televisão local e noticiários internacionais, um crime de pistolagem fez crescer na blogosfera a discussão de quem seria mais selvagem, quem seria mais animal, quem mais se assemelha aos gorilas.
Para os jornalistas maranhenses, o assassinato de Décio Sá, teve como pano de fundo a pretensão de silenciar a imprensa, para que o caminho fique livre para que as práticas criminosa não sejam denunciadas.
O que poderia ser mais selvagem que a omissão dos nossos governantes que, mata e destrói em proporções descomunais?
E a omissão dos políticos?
As omissões da sociedade, de todos que matam todos os dias e nem se apercebem que estão agindo de forma pior que um simples animal quando mata pela sobrevivência?
E a omissão dos políticos?
As omissões da sociedade, de todos que matam todos os dias e nem se apercebem que estão agindo de forma pior que um simples animal quando mata pela sobrevivência?
Quando iniciei no blog detestava o Décio Sá, felizmente, antes de ser morto, pude ver nele a diferença entre muitos que vivem apontado os dedos, taxando gente de heróis e de bandidos.
Decio era humano, isso, sim, faz muita diferença hoje na sociedade, antes de morrer tínhamos um bom relacionamento, tanto que recebi críticas pelo que escrevi recentemente sobre ele (veja aqui).
Décio era amigo, onde eu estivesse vinha me cumprimentar, e isso, quero deixar registrado aqui, para aqueles que teimam em desrespeitar a dor da família, dos amigos, a dor que só um tipo de animal não pode respeitar...
Décio era amigo, onde eu estivesse vinha me cumprimentar, e isso, quero deixar registrado aqui, para aqueles que teimam em desrespeitar a dor da família, dos amigos, a dor que só um tipo de animal não pode respeitar...
Escolhi um texto que fala sobre a morte do colega Décio, fala da omissão dos governos, que deveriam investir na segurança, em viaturas, em câmeras de vídeos, em fim, todos continuam dando sua colaboração para que esse sistema animal continue matando, fiquem abaixo com o texto retirado do blog do Itevaldo:
O texto abaixo foi escrito pelo jornalista Régis Marques. Ele publicou o texto antes no facebook. Abaixo o relato de Régis.
NÓS MATAMOS DÉCIO SÁ
Ainda estou em transe! Como sou muito passional a todo o momento me pego chorando. Não consegui dormir ontem, não almocei e só consegui comer um pouco no jantar. Meu estômago dá voltas, tenho náuseas e depois de tudo o que aconteceu, só tenho duas certezas:
1ª) eles não vão NUNCA me fazer ter medo.
2ª) eles não vão conseguir nos calar. NUNCA!!
Eu não vou ficar aqui tentando ensinar a polícia a fazer seu trabalho e dizer o que fazer para que peguem os assassinos do meu amigo, jornalista Décio Sá. Eles têm lá suas técnicas e, quando querem, chegam aos culpados. Também a mim não cabe fazer elucubrações para desvendar os motivos do assassinato do “detonador” – como ele gostava de ser chamado. Para mim ele está muito claro: seu trabalho profícuo, corajoso, determinado e leal aos princípios do verdadeiro jornalismo investigativo.
Décio trabalhava muito. Suas fontes eram preciosíssimas. E se engana quem pensa que elas vinham apenas de dentro do grupo político no qual gravitava tanto como amigo da governadora Roseana Sarney, do irmão dela, Fernando e do cunhado, Ricardo Murad, quanto pelo fato de ser empregado nas empresas da família Sarney. As fontes de Décio também vinham dos adversários na política da mesma família. No período em que atuei nos bastidores para combater o esbulho político que foi a eleição de Jackson Lago, montado no esquema de um bilhão de reais de José Reinaldo, não raro vi Décio atender na sala em que eu trabalhava, na Assembleia Legislativa, ligações de desafetos de seus patrões, como Roberto Rocha, Rodrigo Lago, etc. A agenda de contatos – e de fontes potenciais – de Décio era talvez mais completa do que a do Cerimonial do Palácio dos Leões.
Décio tinha lado e era fiel
a esse seu grupo. E ai de quem disser para mim que jornalista deve ser
imparcial. O extraordinário jornalista Ricardo Kostcho, que foi porta-voz do
ex-presidente Lula, ensinou certa feita que “Jornalista, ao contrário do que a
hipocrisia de muitos quer negar, também tem lado, time, partido, igreja,
amigos, alma e coração. Não somos robôs da notícia. Nunca escondi o que penso e
sinto. O leitor tem o direito de saber com quem está falando”.
Se era fiel ao grupo Sarney, também o era no subgrupo que se digladia para suceder Roseana: estava com o ministro Edson Lobão e contra Luís Fernando Silva, que tem a simpatia de Jorge Murad, marido de sua patroa, Roseana. Nesse grupo Décio era visto com profunda antipatia, principalmente quando publicava informações sempre verdadeiras sobre a visão caolha de Luís Fernando fazer política. Nesse grupo, o porta-voz era seu colega de redação no EMA e desafeto pessoal Marcos D’Eça. Ambos trocavam acusações e, muitas vezes, ofensas, em seus respectivos blogs.
Se era fiel ao grupo Sarney, também o era no subgrupo que se digladia para suceder Roseana: estava com o ministro Edson Lobão e contra Luís Fernando Silva, que tem a simpatia de Jorge Murad, marido de sua patroa, Roseana. Nesse grupo Décio era visto com profunda antipatia, principalmente quando publicava informações sempre verdadeiras sobre a visão caolha de Luís Fernando fazer política. Nesse grupo, o porta-voz era seu colega de redação no EMA e desafeto pessoal Marcos D’Eça. Ambos trocavam acusações e, muitas vezes, ofensas, em seus respectivos blogs.
O brutal, covarde, insano e
estúpido assassinato de Décio Sá, me deixou atônito, estupefato, chocado e
revoltado. Mas não com medo. Eu não tenho medo de covardes. Eu tenho medo é de
ser silente, conivente, cúmplice dessa escória que procura fazer fortuna roubando,
corrompendo, matando pais de família e deixando órfã uma sociedade impotente e
perplexa. Eu tenho medo é que continue vingando a posição daqueles que,
detentores de deformidades de caráter permanente, se locupletam no poder
econômico, crescem no submundo político e, comprando consciências e
condescendências no Judiciário, sentem-se semideuses, capazes de dispor da vida
de seres humanos que, com certeza, não são seus semelhantes.
Tenho certeza em que neste
momento em que choro a perda de um amigo e o sério golpe na liberdade de
Imprensa que há três gerações move e é tão cara à minha família, alguns dos que
estão na agenda de Décio abrem garrafas de champanhe. São bandidos morais e,
muitos, de fato.
Mas quem matou Décio não
foram os dois bandidos de aluguel que o fuzilaram no dia do Santo Guerreiro,
São Jorge. Não foram só eles e os mandantes. Há muita gente que ajudou a
apertar o gatilho daquela pistola .40 e ceifou a vida de Décio.
O Governo do Estado ajudou a
matar um cidadão. Embora palco de vários assassinatos, assaltos e acidentes
violentos, a Avenida Litorânea não tem um policiamento ostensivo. O secretário
de Segurança, que agora aciona sua tropa de elite para procurar os assassinos,
não tem uma política séria e atuante de prevenção de crimes. São coisas do
passado até as barreiras policiais que existiam nos retornos e nas áreas mais
violentas da cidade.
Também apertou aquele
gatilho a Prefeitura de São Luís, hoje entregue a um dinossauro político que
não se deu conta que seu tempo é pretérito e que a instituição que herdou num
golpe de estupidez política da população não é cabide de emprego para mimar sua
filha e nem um cofre sem fundo onde o princípio básico é limpá-lo até onde
puder.
Tivesse nosso alcaide
acordado de sua iniquidade e mandado instalar câmeras de vigilância na
Litorânea, a principal via turística de São Luís não teria se transformado na
sucursal do inferno.
Também ajudou a detonar a
espoleta daquela pistola a negligência e omissão de seus patrões: apesar de já
ter sido vítima de uma ação balaia tresloucada e irresponsável comandada pelo
ex-chefe da espoliada Coliseu Renato Dionísio, que apedrejou as instalações do
Sistema Mirante, na Avenida Ana Jansen e, também, apesar da recente agressão a
um de seus técnicos por um grupo de celerados filhinhos-de-papai, fato ocorrido
na porta da empresa, a direção da Mirante jamais mandou instalar câmaras na
área externa do prédio. É bem verdade que isso não impediria sua morte, mas
poderia tornar mais rápida e mais fácil a identificação dos matadores de
aluguel.
Por fim, ajudamos, também,
todos nós que, entrando na máquina de fazer doido, essa disputa incessante por
projeção social e financeira, incentivamos, estimulamos e abastecemos a corrida
rumo ao topo sabe-se lá que quê. Décio, um menino negro e pobre “sem parentes
importantes e vindo do interior” – como constava na sua página na internet -,
tinha ambições inerentes à sua idade: queria ganhar dinheiro. Muito dinheiro.
Queria ajudar a família e dar conforto e tranquilidade para sua mulher e dois
filhos. Uma com 8 anos e outro ainda em gestação. Por isso
foi usado por políticos, empresários e toda sorte de gente sem escrúpulos que
massageavam seu ego enquanto o empurravam para o precipício, fazendo inimigos
covardes que planejaram sua morte.
Décio morreu. Ainda tenho
náuseas e nojo. Mas, permanece a certeza que os facínoras que pagaram pela sua
morte – porque eram covardes para cometer eles mesmos o crime -, jamais calarão
a nossa voz. Nem nos incutirão medo.
Que Deus o receba!
sejam praticados,
inclusive o de pistolagem,
quase nunca investigado pela Polícia do Maranhão”.
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