sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Em carta enviada ao blog, irmã do cabo Sodré cobra deputado Raimundo Cutrim maior interesse na elucidação do assassinato do irmão



Carta ao Deputado Raimundo Cutrim

Sobre a morte de Cabo Sodre Senhor Deputado

Sou irmã de cabo Sodre, moro em Urbano Santos, MA e penso que toda importancia da vida e carreira de um homem está na capacidade e coragem em defender seus interesses e interesses daqueles que o cercam.

Nesse caso, escrevo para lembrar de que há exatos dois meses cabo Sodré foi executado (porque ninguém me convence do contrário) por policiais militares de maneira bem absurda; acabando prematuramente com seus sonhos, suas esperanças, suas capacidades de conquistas e pelo que acompanho as autoridades movem-se muito pouco para desvendar a motivação do crime, pelo contrario desestimulam as investigações como forma de protelar ainda mais os resultados.

Quanto a mim deputado, criei uma expectativa muito grande entendendo que mesmo o senhor estando em campanha eleitoral seria solidário conosco não apenas na hora da morte de Sodre (e nós somos gratos), mas nos dias subseqüentes para que com sua influencia e conhecimento conduzisse de modo mais persuasivo as investigações, dirimisse dúvidas, no sentido de que havendo mais "mistérios" seria urgentemente esclarecido. Não pretendo ser dura, porém doutor, a solidariedade é condição fundamental para a construção de um equilíbrio social e pessoal para os que servem de modelos para tantas gerações.

E o senhor me perguntaria: o que você tem a ver com isso? Realmente não me diz respeito. De qualquer modo, lembro de um jeito mais enfático de que cabo Sodre trabalhou com vossa excelência durante 10 anos, o senhor sabe quantos dias de vida dele foram de inteira disposição aos seus interesses? Não teria dado tempo nesses anos todos de
criar algum laço afetivo?

O senhor já calculou, por exemplo, desses anos de serviços prestados quantos ele esteve cuidando das particularidades de seus filhos? E ele deixou uma filha, o senhor sabe. E ele o via de maneira tão positiva, achava inclusive que o senhor o considerava, fazia boas referencias... e depois de sua morte acredito que não queremos nada demais: apenas que se esclareça porque o mataram. Claro, nós sabemos que nada o trará de volta e que nada justificará porque qualquer delito que supostamente ele tenha cometido não combina com a execução que praticaram.

Às vezes noto que temos tido muita paciência, quiçá por desinformação ou porque estamos querendo agir conforme os princípios cristãos, mantendo um tom de voz equilibrado, evitando escândalos que envolvam vosso nome ou da instituição só que a insatisfação pode tomar conta totalmente de mim aí pegarei o megafone e com tons frios e cruéis sou bem capaz de dizer tudo que eu penso. E há tanta barbaridade em minha cabeça.

Em que mesmo acreditar, não é mesmo doutor, de minha parte não escrevo para amedrontá-lo ou para afetar seus "voto com segurança" escrevo para aperfeiçoar meus impulsos, aliviar meus sentimentos de revolta, vejo ainda cautela em minhas palavras, quer dizer, algumas vezes chego a me perguntar para qual lado a metralhadora dos homens de preto estará girando agora? Porque até mesmo o senhor sabe que por um lado, o teatro armado na morte de cabo Sodré foi para desvirtuar sua índole e de outro, oscila entre a
fidelidade aos comandantes e ao poder que vossa excelência exerce.

Não sei se nesta carta eu o atingirei, tampouco se sou impiedosa de mais, no entanto a minha decisão, mais acertada é a de que haja celeridade, haja esclarecimento, o que mesmo os impede? A sociedade talvez não lembre mais de que Sodre foi morto barbaramente, de que ele trabalhava com Vossa excelência, de que ele era da policia etc., mas nós, além da dor conviveremos com a revolta com as indagações que são inúmeras.

Por último, deputado sabe-se que o Brasil inteiro volta-se agora para as eleições de outubro, nada de manifestações, de notas infundadas, nada de escândalos, e nada de empenho em desvendar um crime tal qual esse que foi de cabo Sodré porque se vamos buscar tem um preço e nós não queremos pagar. Resta-me dizer sem receio nesse crime e nesse processo há muita lacuna e para mim, uma resposta seria suficiente

POR QUE MATARAM NOSSO IRMÃO, POR QUE ?????

Não há ainda resposta adequada para esse fato, não é mesmo deputado?! Que tal, nos ajude a desvendar esse mistério?

Nilma da Silva Sodre

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