quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Para beneficar Collor, Renan tumultua a base de Lula

A pedido do Planalto, Romero Jucá (PMDB-RR), líder de Lula no Senado, tenta resolver uma briga do governo contra o governo.

Deve-se a encrenca a uma articulação comandada por Renan Calheiros (sempre ele!), com o endosso de José Sarney.

No centro da cizânia está, de novo, Fernando Collor (PTB-AL). Empurrado por Renan, ele decidiu medir forças com Ideli Salvatti (SC), ex-líder do PT.
Está em jogo agora a presidência da Comissão de Infra-Estrutura. Tomado pelo tamanho da bancada (12 senadores), o PT de Idelli tem direito à cadeira.

Mas Renan e Cia. decidiram mandar às favas o critério da proporcionalidade das bancadas, que, por tradição, rege a distribuição de cargos no Senado.
Antes de se fixar na Infra-Estrutura, Collor pleiteara a presidência de uma outra comissão, a de Relações Exteriores.
Nesse caso, quem tem direito à vaga é o PSDB (13 senadores), que decidiu entregá-la a Eduardo Azeredo (MG).

Collor planejara ir à sorte dos votos contra Azeredo. Verificou-se, porém, que seria surrado pelo tucanato, em aliança com o PT e com o DEM.
Em campo desde o final de semana passado, Sarney, do alto da presidência do Senado, empenhou-se para cavar uma colocação para Collor.
Deu-se, então, a reviravolta que converteu Collor num problema do PT, não mais do PSDB.

Jucá chamou ao seu gabinete os líderes das legendas governistas. Todos deram as caras. Menos Renan, que lidera o PMDB.
Renan criara a celeuma ao trocar o apoio do PTB a Sarney pela acomodação de Collor numa comissão vistosa. Armado o salseiro, finge-se de morto.

Nos subterrâneos, porém, há um Renan vivo, muito vivo, vivíssimo. Ausentou-se da reunião de Jucá porque, antes, costurara uma teia de suporte a Collor.
Amarrara o apoio do DEM. Na briga Collor X Azeredo, os 'demos' carreariam os seus votos para o tucano.

Na refrega de Collor contra Idelli, os votos 'demos' viraram anti-PT. Líder da bancada petista, Aloizio Mercadante (SP), foi a José Agripino Maia (RN).
Mandachuva do DEM, Agripino informou a Mercadante que, havendo disputa, seus liderados votarão em Collor, contra Idelli.

Agripino alegou que não cabe a ele, um líder da oposição, resolver problemas da seara governista.
A portas fechadas, Jucá tentou convencer Mercadante a desistir da comissão de Infra-Estrutura. Lero vai, lero vem decidiu-se chamar Ideli Salvatti à sala.
Gim Argello (DF), líder do PTB, disse que Collor, que já cedera a comissão de Relações Exteriores para o tucano Azeredo, não poderia ser preterido uma segunda vez.

Ideli achou graça. "Preterido em quê? Quem tem direito à comissão não é o PTB, mas o PT". Disse, de resto, que tivera o nome chancelado por sua bancada.
Só se curvaria se a os colegas petistas, em nova deliberação, resolvessem abrir caminho para Collor.
Escorado nos votos angariados por Renan, Argello disse que, no limite, o PTB iria à disputa. Sentindo a corda esticar, Romero Jucá armou-se de panos quentes.

O líder de Lula deu a reunião por encerrada. Marcou-se um novo encontro para esta quarta (18), na esperança de que a concórdia brote dos travesseiros.
À noite, antes de recostar a cabeça sobre as penas de ganso, o petismo foi à máquina de calcular.
Descobriu que, com o apoio do PMDB e do DEM, Collor prevaleceria sobre Idelli pela diferença de um voto.

Eleitor do PMDB, Jucá poderia desequilibrar o jogo em favor de Idelli. No encontro dos líderes, Jucá dissera que, sobrevivendo o impasse, votaria contra Collor.
Lembrou a sua condição de líder do Planalto. E afirmou que não poderia nem votar contra o partido do presidente nem desrespeitar o critério da proporcionalidade.
Em meio à refrega, o plenário do Senado está paralisado. Ali, não se votou coisa nenhuma desde 2 de fevereiro, dia em que Sarney virou presidente da Casa.

"Se tivéssemos prorrogado o recesso, não faríamos um papel tão feio", disse, na cara de Sarney, Osmar Dias (PR), líder do PDT.
Na tarde desta terça (17), ouviu-se no plenário um coro de líderes. Revezando-se no microfone, todos encareceram a Sarney que convocasse uma reunião para resolver o impasse das comissões.

E Sarney: "Ninguém mais do que eu está interessado na harmonia da Casa. Não tenho feito outra coisa senão dizer aos lideres que procurem uma solução. Mas, infelizmente, isso não depende do presidente".

No Senado de Sarney e Renan a coisa funciona assim. Quem pariu a encrenca não a embala.

Um comentário:

Anônimo disse...

O PMDB de sarney é um atro, um covil de salteadires da pior especie.