(Wilson Lima* - especial para O Estado de S.Paulo)
SÃO LUÍS - Prestes a ter seu processo de cassação julgado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, sob a acusação de abuso de poder econômico e de autoridade nas eleições de 2006, o governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), afirmou nesta terça-feira que o resultado da ação movida contra será "um ato justo ou retorno do coronelismo".
Em entrevista concedida na terça-feira pela manhã a duas rádios de São Luís, voltou classificar o processo de cassação como uma manobra política do grupo Sarney. A ação contra ele foi movida pela coligação "Maranhão a Força do Povo", formada pelo então PFL, PMDB, PTB e PV e que tinha como cabeça de chapa a senadora Roseana Sarney, derrotada nas eleições de 2006. "Nós temos plena confiança.
O Brasil hoje é outro. O país é outro. Não tem nada a ver com aquelas manobras. Essa fase passou. Hoje nós temos aí os olhos da nação, os olhos do país estão lá cravados para saber se a decisão vai ser justa ou se a decisão vai ser o retorno do coronelismo, o retorno da corrupção; de forma que eu não tenho dúvida nenhuma. O Brasil evoluiu, o país é outro e vamos ter justiça hoje à noite", disse Lago. Tentando demonstrar tranqüilidade, Jackson disse que pretende acompanhar o julgamento do TSE pela TV, no Palácio dos Leões, sede do governo do Maranhão.
"Eu estou tranqüilo, estou com a tranqüilidade de quem só tem feito o bem, de quem tem mostrado para que chegamos ao governo e eu tenho certeza que hoje à noite o Tribunal Superior Eleitoral vai dizer sim à dignidade, vai dizer sim ao trabalho e não vai 'contestar' qualquer farsa desta oligarquia que pretende retornar ao poder através de manobras", assinalou. Manifestações Após a notícia de que o processo de cassação estava na pauta do TSE, Jackson Lago recebeu várias manifestações de apoio de políticos e de movimentos populares, como o Movimento Sem Terra (MST) e a Via Campesina, por exemplo. Há oito dias, um grupo de agricultores liderados pelo MST montou um acampamento em frente ao Palácio dos Leões, denominado "Acampamento Balaiada" (em alusão a uma revolta popular maranhense ocorrida no século XIX), como forma de prestar solidariedade ao governador.
Segundo o MST, o movimento conseguiu reunir aproximadamente 1.200 agricultores. Na segunda-feira, na segunda maior cidade do Maranhão, Imperatriz, partidários do governador realizaram, na segunda-feira à tarde, uma passeata pelas ruas da cidade exigindo a manutenção dos mandados do governador e do vice Luís Carlos Porto (PPS). Porto é natural de Imperatriz. E, em São Luís, um encontro do PSDB, serviu como ato de desagravo ao governador Jackson Lago.
Lago é acusado pela coligação "Maranhão a Força do Povo" de ser o principal beneficiário pelo uso eleitoreiro de convênios e transferências de cerca de R$ 280 milhões para 156 municípios maranhense durante a campanha de 2006. Na época, o Maranhão era governado por José Reinaldo Tavares (PSB), que apoiou publicamente a candidatura de Lago. E o parecer do Ministério Público Eleitoral é pela cassação de Lago.
Nesse caso, a senadora Roseana Sarney teria direito a assumir o governo do Maranhão.
*O correspondente Wilson Lima é repórter político do Jornal O Estado do Maranhão, de propriedade da família Sarney.
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