Fiquem com o dramático pedido do deputado Raimundo Cutrim, para que os deputados governistas assinam a CPI da agiotagem:
Agora pergunto, posso admitir continuar na vida pública
diante de acusações irresponsáveis, levianas e criminosas de que eu sou agiota,
assassino e grileiro?
Não tenho
condições de continuar na vida política se essas acusações não forem
esclarecidas, esse é o meu cavalo de batalha, devo esclarecer o porquê de tudo
isso?
Quando eu tive de
me desincompatibilizar para disputar o segundo mandato de deputado estadual, a
Governadora Roseana Sarney deu a entender que eu poderia sugerir um nome, que
preenchesse os pré-requisitos de confiança, de competência e de profissionalismo
para o cargo. Essa conversa se espalhou pelos nos corredores da secretária, foi
quando eu fui procurado pelo meu assessor próximo Aluisio Mendes, e que eu
sugerir o seu nome para me suceder.
Nessa época, eu quero registrar que eu tinha com ele um
bom relacionamento e até amizade, mesmo porque fazemos parte da mesma
instituição que é a Polícia Federal. Querendo contribuir com a isenção, fui
dizer a ele que diante da ligação dele a um fato controvertido, onde ele não
soube guardar sigilo de uma investigação que se processava na Polícia Federal
com a autorização do Judiciário, esse fato poderia trazer repercussão negativa
para o Governo do Estado, para a própria Secretaria de Segurança e para as
Instituições.
E fui à governadora e indiquei o nome do delegado Nordman
Ribeiro, toda a Secretaria sabe quem é, bem como o Estado todo conhece o seu
trabalho. Foi assim que começou a campanha sórdida contra a minha pessoa,
porque eu fazia críticas e continuo fazendo aqui da tribuna da Assembleia
contra a violência sem freios desencadeada no Estado e que continua galopando
em passos largos até o presente momento em nosso Estado.
Não é por ele ser agente de polícia que ele não tenha a
competência de exercer o cargo, não. Não foi, mas foi pelo desespero, pelo
amadorismo que ele enfrentou esse problema, o problema da violência, que é o
mal maior dos nossos tempos. Não quero fazer comparação, mas tenho aqui um
documento onde, na minha gestão, eu soube proporcionar segurança maior ao povo
do nosso estado. Reconheço que a violência de ontem não é a de hoje, mas para
todos os problemas, mesmo os mais difíceis, tem solução. Onde está a capacidade
do ser humano?
Diante desse
relato, aproveitaram o assassino de um jornalista blogueiro, que eu tinha
relacionamento profissional, e aproveitando o depoimento do executor que eu não
conhecia, nunca tinha ouvido falar, mas que foi induzido a citar o meu nome.
Criaram esse vendaval todinho para me comprometer. Aluísio não olhou para a
minha história, não olhou para o meu passado, para a minha dedicação em defesa
da sociedade. Olhou para o sentimento de vingança sórdida, irresponsável, que o
deixou na condição de incapaz para permanecer em cargo de tamanha envergadura e
no qual ele não tinha competência para resolver problemas complexos de
violência. Aí não cabe questionar as investigações, aí não cabe investigar as
autorias e coautorias desse crime hediondo.
Esse crime atingiu os mais nobres dos poderes do nosso
tempo, o poder da imprensa livre. Trago aqui à tribuna o resumo de um ano de
publicações da imprensa do nosso estado, com repercussão nacional da minha
falsa participação nesse crime. Procurei o Ministério Público buscando a sua
contribuição na elucidação das acusações que passaram contra mim. Vim a esta
Casa e busquei também contribuição no Poder Legislativo. Não queria com isso
proteção, não! Queria elucidação.
Mas antes de querer, fiz um pedido à criação da CPI da
Agiotagem, onde um acusado pede para ser investigado. Não apresentei ainda à
Mesa um requerimento porque ainda não tenho as assinaturas suficientes. Requeri
a minha convocação para o Conselho de Ética para que também fosse investigado
individualmente das acusações e esperava encontrar o apoio dos meus
companheiros deputados, mas como sei que esta Casa é composta de representantes
do povo e como nunca houve na história uma comunhão de manifestação, compreendo
porque nem todos assinaram, mas não desisto de continuar tentando. O que
ocasionou todas essas acusações em relação à agiotagem?
Colocação infundada baseada exclusivamente no desejo de
vingança do secretário de Segurança Pública, seu Aluísio Mendes e daqueles que
se dobraram profissionalmente ao seu intento. Porque nenhum cidadão se
manifestou de que eu teria emprestado dinheiro a algum deles. Grilagem,
senhores deputados, os documentos que adquiri, na compra do terreno, que hoje é
de minha propriedade, foram adquiridos em um cartório, como posso grilar? Mesmo
assim, os meus advogados já estão apresentando ao Tribunal de Justiça a defesa
necessária. Quero questionar agora o crime maior. Adquiri com pressão
psicológica, tortura, com abuso de poder do cargo, depoimentos que não foram
confirmados na justiça contra a minha pessoa. Diante disso pergunto a Aluísio
Mendes: qual a diferença de um criminoso, de um facínora, que tira a vida de um
cidadão por dinheiro e outro sentado confortavelmente em um gabinete tenta
tirar a honra e a dignidade de um cidadão que se presa? Não há diferença.
Todos os dois são criminosos. Esse grave fato deixa,
portanto, esse cidadão vulnerável na condição de continuar como Secretário de
Segurança Pública do nosso Estado. E em que dizer das informações que foram
vazadas do seu gabinete onde a opinião pública e a imprensa tomaram
conhecimento do envolvimento de mais de 40 políticos do nosso Estado em crime
de agiotagem?
Aluisio Mendes, sobre o envolvimento desses políticos que já
foram citados por você, foi instalada algum inquérito? A justiça, pelo que
tomou conhecimento não recebeu nenhum encaminhamento de qualquer investigação a
esse respeito. Mas do jeito que tentaste atingir a minha dignidade e a minha
honra, atingiste também as cidades onde os políticos foram relacionados em
crime de agiotagem, atingistes a honra deles, das suas famílias e seus amigos.
Como vais reparar esses danos?
Quanta irresponsabilidade! Não pode negar que o capitão
Fábio Capita, que eu não sei quem é, disse em seu depoimento na justiça, que tu
foste propor a ele a minha inclusão nesse assassinato. Este depoimento do
Jonathan, fizeste tudo o que foi possível, até colocar palavras na sua boca
para me incriminar. Isso é fato inquestionável. Isso é crime. Agora, eu tenho
que perguntar para você mesmo. Você insiste em continuar como Secretário de
Segurança Pública do nosso Estado? Já não basta? Você já não foi longe demais? Já
chega. Agora, eu me dirijo à Assembleia; se está comprovada a parcialidade, o
ódio, e como ele faz as suas investigações e conclui os seus inquéritos, mesmo
não sendo Delegado de Polícia, qual credibilidade ele tem nas investigações que
esta fazendo sobre os agiotas no Estado do Maranhão, que ele diz fazer?
Qual a credibilidade? Nenhuma. Senhores deputados, já
chega! Vamos assinar esse requerimento da CPI da agiotagem, senão o povo vai
compreender lá fora, que tanto a Secretaria Segurança Pública quanto a
Assembleia, estão em falta com as suas responsabilidades. Sem querer fazer
comparação, nenhum poder tem que ser radical, parcial e direcionado aos seus
interesses pessoais, como foi Robespierre em relação a Danton. O resultado é
que ele seguiu o mesmo caminho de Danton. Senhores deputados, nós não temos a
guilhotina do Brasil, mas temos julgadores que tem sido muito mais severos do
que os julgadores da Revolução Francesa: o povo. A esse povo que me dobro. A
esse povo eu sei que eu posso contar com ele, porque ele sabe das injustiças
que eu estou passando. Ele sabe do mal que eu sofri Ele sabe do meu empenho em
provar minha inocência, e eu encerro com o pronunciamento de hoje. Eu digo:
Aluisio, você vai continuar no cargo?
Ah, Eu ia me esquecendo: Vou levar ao Presidente Tribunal
de Justiça do Maranhão, à Superintendência de Polícia Federal do Nosso Estado,
ao Procurador da Republica, à Governadora do Maranhão, ao Ministro da Justiça,
ao Congresso Nacional, o Diário da Assembleia que registrou esse meu pronunciamento
com todas as provas da sua tentativa de me envolver nos crimes de agiotagem,
grilagem e assassinato. Ah, vou mandar também para você investigar a si mesmo.
Muito obrigado senhor Presidente.
O SENHOR PRESIDENTE DEPUTADO ARNALDO MELO – Deputado Raimundo
Cutrim, a Casa Legislativa da qual V. Ex.ª é membro, vem acompanhando com
preocupação este assunto, porque um dos seus membros tem sido citado. Digo a V.
Ex.ª o que disse antes Deputado Raimundo Cutrim, estamos acompanhando passo a
passo, a evolução deste processo. Aos colegas deputados, e aos que nos ouvem, a
Assembleia Legislativa nunca recebeu nenhuma correspondência de qualquer Poder,
seja do Tribunal de Justiça, do Ministério Público, da Secretaria de Segurança,
ou de qualquer Instituição, acerca deste assunto. Não recebemos na Mesa
Diretora, nenhum requerimento de CPI. Portanto, como Presidente, eu não posso
instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito sem que o Regimento e a
Constituição determinem.
O Conselho de
Ética desta Casa, como diz a Constituição em um Estatuto, ele existe para
avaliar conduta de deputados, àquele Conselho de Ética também nenhuma
correspondência chegou. Senhor deputado Cutrim, para concluir, deputado líder
do governo Cesar Pires, quero dizer a V. Ex.ª deputado Cutrim e a todos que
estão a me ouvir, estamos acompanhando a evolução deste processo e a se
confirmar, o que todos nós aqui acreditamos, que a sua inocência, esta
Assembleia sob a minha presidência será implacável com todos aqueles que
tentaram, de uma forma ou de outra, denegrir a sua imagem.
Aguardamos com ansiedade, sabemos o sofrimento de V. Ex.ª
e de sua família, mas nós precisamos de subsídios concretos, porque a Justiça
opera diante da letra da lei. V. Ex.ª pode confiar na Assembleia Legislativa,
que V. Ex.ª é membro, eu sei do sofrimento da sua família é muito grande, a
justiça tarda, mas chega. Partido Social Democrático. Bloco União Democrática.
Bloco Parlamentar pelo Maranhão. Bloco Parlamentar de Oposição. PDT/PSDB.
Partido Verde. Bloco Democrático. Não há orador inscrito, no Expediente Final.
Encerro a presente Sessão. OUÇAM O DISCURSO AQUI:
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