quarta-feira, 27 de junho de 2012

Greve ameaça pós-graduação, bolsas e intercâmbio de alunos das federais




Professores e servidores das universidades estão paralisados desde maio.
Estudante teme perder prazo para iniciar a residência médica. 



A greve de professores e de servidores das universidades e de institutos federais de ensino superior vai completar esta semana um mês e meio desde o seu início, em 17 de maio. A demora para se chegar a uma resolução do impasse entre os docentes e o governo preocupa muitos estudantes que dependem da conclusão do cursos para serem efetivados em estágios, residências médicas, programas de intercâmbio e outros compromissos.

A categoria dos docentes pleiteia carreira única com incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios, variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35), e percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho. Os docentes planejam para a quinta-feira (28) um ato em defesa do aumento da verba do governo federal para a educação.

Já as principais reivindicações dos servidores, em greve desde 11 de junho, são o aumento do piso salarial em 22,8% e a correção das pendências da carreira desde 2007. O piso atual é de R$ 1.034. Os servidores fizeram uma greve de quase quatro meses no ano passado, mas não houve negociação com o governo e a paralisação foi encerrada.

Com a greve, os planos da estudante de engenharia química da Universidade Federal de Pernambucox (UFPE), Amanda Galindo estão ameaçados. Sem previsão de retornar às salas de aula, ela teve que abrir mão de estagiar em uma companhia de bebidas e, agora, teme perder a vaga na pós-graduação do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), para a qual já está aprovada, mas precisa estar com a graduação concluída até janeiro de 2013.

"Eu terminaria o curso no final do ano, mas agora não sei o que vai acontecer. Foi um concurso bastante concorrido e, se eu perder a bolsa, ano que vem não vou ter com o que me sustentar. Vou depender apenas dos meus pais", afirma Amanda.

Fiz muitos planos, só não contava com a greve. Sei que ela é necessária. Acho que o governo deveria agir mais rápido para não nos prejudicar"
Amanda Galindo, estudante da UFPE

"Fiz muitos planos, só não contava com a greve. Sei que ela é necessária. Os professores nos explicaram sobre a luta deles, e a considero válida. Acho que o governo deveria agir mais rápido para não nos prejudicar."
A estudante, inclusive, participou de uma mobilização por melhor infraestrutura no seu curso. "Nosso departamento é pequeno para a quantidade de alunos. Temos apenas um banheiro. Não temos biblioteca e os laboratórios são horríveis", comenta. Em nota, a UFPE diz que "dentro de seu planejamento, está recuperando os laboratórios de todos os cursos, principalmente os mais antigos. O projeto é deixar todos eles renovados, usando recursos da Universidade, do Reuni e de parceiros, como a Finep.

No próprio Departamento de Engenharia Química, há outros laboratórios em pleno funcionamento, como o de Combustíveis, que foi reformado com recursos da Petrobras".

Residência ameaçada
Em Sergipe, o estudante do 11º período de medicina, Marcel Figueiredo Fontes, teme não poder fazer residência no início do ano que vem por causa da greve. Além disso, ele corre o risco de participar da cerimônia de colação de grau e ter que continuar assistindo as aulas.


Amanda Galindo, estudante de engenharia química da UFPE, teme perder o estágio (Foto: Luna Markman/G1)

A estudante Amanda Galindo na sala vazia do curso de engenharia química da UFPE (Foto: Luna Markman/G1)
ENTENDA A GREVE NAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS
PROFESSORESSERVIDORES
Desde 17 de maio, professores das instituições federais fazem um movimento de greve nacional que já atingiu 80% da categoria.A paralisação nacional dos servidores teve início em 11 de junho e, segundo a última atualização dos sindicatos, pelo menos 50% dos institutos federais tinham servidores parados.
PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES
- Criação de uma carreira única, com a incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios- Aumento do piso salarial em 22,8% com a correção das pendêncais da carreira desde 2007 (atualmente, ele é de R$ 1.304)
- Variação de 5% entre níveis a partir do piso, para o regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35)- Devolução do vencimento básico complementar absorvido na mudança na Lei da Carreira, de 2005
- Percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho- Reposicionamento dos servidores aposentados







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