Professores e servidores das universidades estão paralisados
desde maio.
Estudante teme perder prazo para iniciar a residência
médica.
A greve de professores e de servidores das universidades e
de institutos federais de ensino superior vai completar esta semana um mês e
meio desde o seu início, em 17 de maio. A demora para se chegar a uma resolução
do impasse entre os docentes e o governo preocupa muitos estudantes que
dependem da conclusão do cursos para serem efetivados em estágios, residências
médicas, programas de intercâmbio e outros compromissos.
A categoria dos docentes pleiteia carreira única com
incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios, variação de 5%
entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário
mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35), e percentuais de
acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho. Os docentes planejam
para a quinta-feira (28) um ato em defesa do aumento da verba do governo
federal para a educação.
Já as principais reivindicações dos servidores, em greve
desde 11 de junho, são o aumento do piso salarial em 22,8% e a correção das
pendências da carreira desde 2007. O piso atual é de R$ 1.034. Os servidores
fizeram uma greve de quase quatro meses no ano passado, mas não houve negociação
com o governo e a paralisação foi encerrada.
Com a greve, os planos da estudante de engenharia química da
Universidade Federal de Pernambucox (UFPE), Amanda Galindo estão ameaçados. Sem
previsão de retornar às salas de aula, ela teve que abrir mão de estagiar em
uma companhia de bebidas e, agora, teme perder a vaga na pós-graduação do
Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural
(Prominp), para a qual já está aprovada, mas precisa estar com a graduação
concluída até janeiro de 2013.
"Eu terminaria o curso no final do ano, mas agora não
sei o que vai acontecer. Foi um concurso bastante concorrido e, se eu perder a
bolsa, ano que vem não vou ter com o que me sustentar. Vou depender apenas dos
meus pais", afirma Amanda.
Fiz muitos planos, só não contava com a greve. Sei que ela é
necessária. Acho que o governo deveria agir mais rápido para não nos
prejudicar"
Amanda Galindo, estudante da UFPE
"Fiz muitos planos, só não contava com a greve. Sei que
ela é necessária. Os professores nos explicaram sobre a luta deles, e a
considero válida. Acho que o governo deveria agir mais rápido para não nos
prejudicar."
A estudante, inclusive, participou de uma mobilização por
melhor infraestrutura no seu curso. "Nosso departamento é pequeno para a
quantidade de alunos. Temos apenas um banheiro. Não temos biblioteca e os
laboratórios são horríveis", comenta. Em nota, a UFPE diz que "dentro
de seu planejamento, está recuperando os laboratórios de todos os cursos,
principalmente os mais antigos. O projeto é deixar todos eles renovados, usando
recursos da Universidade, do Reuni e de parceiros, como a Finep.
No próprio Departamento de Engenharia Química, há outros
laboratórios em pleno funcionamento, como o de Combustíveis, que foi reformado
com recursos da Petrobras".
Residência ameaçada
Em Sergipe, o estudante do 11º período de medicina, Marcel
Figueiredo Fontes, teme não poder fazer residência no início do ano que vem por
causa da greve. Além disso, ele corre o risco de participar da cerimônia de colação
de grau e ter que continuar assistindo as aulas.
ENTENDA A GREVE NAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS | |
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PROFESSORES | SERVIDORES |
Desde 17 de maio, professores das instituições federais fazem um movimento de greve nacional que já atingiu 80% da categoria. | A paralisação nacional dos servidores teve início em 11 de junho e, segundo a última atualização dos sindicatos, pelo menos 50% dos institutos federais tinham servidores parados. |
PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES | |
- Criação de uma carreira única, com a incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios | - Aumento do piso salarial em 22,8% com a correção das pendêncais da carreira desde 2007 (atualmente, ele é de R$ 1.304) |
- Variação de 5% entre níveis a partir do piso, para o regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35) | - Devolução do vencimento básico complementar absorvido na mudança na Lei da Carreira, de 2005 |
- Percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho | - Reposicionamento dos servidores aposentados |
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