terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

SARNEY BUSCA UMA "COLOCAÇÃO" PARA COLLOR NO SENADO

José Sarney (PMDB-AP) decidiu, finalmente, envolver-se numa crise que envenena as relações no Senado há 16 dias, desde que foi eleito para a presidência da Casa.

A encrenca envolve uma disputa pelo controle da comissão de Relações Exteriores, uma das mais importantes do Senado.

De um lado, o PSDB tenta emplacar na presidência da comissão o senador Eduardo Azeredo (MG). De outro, o PTB pega em lanças por Fernando Collor (AL). Conforme já comentado aqui, é a briga do sujo contra o mal lavado. Que começou ainda na fase de costura da candidatura de Sarney.

Para engrossar o cesto de votos que permitiu a Sarney prevalecer sobre Tião Viana (PT-AC), Renan Calheiros (sempre ele!), prometeu a comissão ao PTB de Collor.

O problema é que, considerando-se o tamanho das bancadas (13 tucanos contra sete petebistas), o posto pertenceria, por tradição, ao PSDB de Azeredo. Estabelecido o impasse, Sarney adotou um comportamento olímpico. Fez que não era com ele. Empurrou o problema para o colo dos líderes partidários.

A querela paralisou o plenário do Senado. Rebelado, o PSDB obstruiu as sessões. Condiciona as votações ao desatamento do nó. Receoso de que o Senado embicasse em nova semana de inércia, Sarney decidiu arregaçar as mangas. A ficha lhe caiu no último final de semana. Em telefonemas a senadores da oposição, Sarney acenou com a hipótese de acomodar Collor em outra comissão, não mais na de Relações Exteriores.

Fechado com o PSDB, o líder do DEM, José Agripino Maia (RN) mandou dizer que tudo bem. Desde que o PMDB não se aventurasse em bulir nas suas posições. Com 14 senadores, os 'demos' consideram como sua, por exemplo, a comissão de Justiça, posto que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) está ansioso por ocupar.

O tucanato, já impaciente, exige uma definição de Sarney nesta terça-feira (17).
Na falta de um acordo, mostra-se disposto a disputar a comissão no voto. O PSDB acha que dispõe de votos para impor uma surra a Collor na comissão de Relações Exteriores.

Além do apoio do DEM, o líder tucano Arthur Virgílio (AM) obteve a promessa de voto da bancada do PT. A disputa, se vier a ocorrer, se dará no âmbito da própria comissão. O voto é secreto. Sem nenhuma traição, Azeredo bateria Collor pela diferença de um escasso voto. Num dos telefonemas que disparou no final de semana, Sarney disse a Heráclito Fortes (DEM-PI) que não lhe agrada ver Collor, um ex-presidente da República, envolvido numa refrega de resultado incerto.

Uma preocupação curiosa. Sobretudo quando se recorda que, na campanha em que virou presidente, Collor referiu-se a Sarney, seu antecessor no Planalto, com adjetivos nada lisonjeiros –"ladrão", por exemplo.

Resta agora saber:

1) Se Sarney conseguiu cavar uma nova colocação para Collor;

2) Se Collor aceitará trocar a comissão de Relações Exteriores por outra.

Do Blog de Josias de Souza

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