sábado, 21 de fevereiro de 2009

Entrevista com a vereadora Cristina Almeida, principal adversária política do senador maranhense José Sarney no Amapá

Entrevista feita pelos blogueiros do JP(Ricardo Santos e John Cutrin) e (Franklin Douglas Ecos Das Lutas) com a vereadora Cristina Almeida, principal adversária política do senador maranhense José Sarney no Amapá.

Cristina foi candidata ao senado em 2006, disputando uma única vaga com Sarney.

JP- Cristina o que seguinifica para o Brasil Sarney no senado? Do que o Brasil o Maranhão e Amapá precisam?

Cristina Almeida: Os últimos seis anos, o índice de mortalidade aumentou, nós temos um índice altíssimo de analfabetismo. No Amapá, desde que Sarney começou a influenciar nas decisões majoritárias no governo, e agora na prefeitura, através de sua permanência no senado.

Ele é um senador que pouco visita o seu Estado (Amapá) eu costumo dizer que ele é um imobiliário ambulante, que se prevalece do poder, dos processos de cassação de várias de pessoas de nosso Estado e do país inteiro e com isso, ele consegue barganhar e cada vez mais, acumular poder e deixar as pessoas reféns dele.

Analisando o Amapá, e o Maranhão, foi por causa dessa família que fez que a pobreza chegasse aqui.

Estive em 2006, aqui na campanha da frente de libertação do Maranhão, e o povo foi ás urnas dizer um basta chega de Sarney, não elegendo Roseana, e essa manipulação para trazer de volta a filha do Sarney via justiça, está claro, as pessoas têm que ficar atentas para uma reação popular, porque nós já tivemos lá diante de uma situação de cassação, de um senador e de uma deputada federal. Não podemos descansar nessa hora, e pensar que tudo vai ser julgado de acordo com o que está no processo, porque não é assim. As coisas escapolem muito rápido das mãos da gente.



JP-Sarney representa um perigo para a democracia então?

Cristina Almeida- Sim, um perigo!

JP- Porque o Amapá deve combater Sarney?

Cristina Almeida- O Amapá deve combatê-lo, pois precisa fazer prevalecer a vontade popular.
Um exemplo, tivemos uma eleição municipal agora, e o povo foi ás urnas dizer queremos mudança, chega de Sarney, não queríamos o candidato que Sarney estava apoiando.

O candidato Camilo do PSB estava na bem à frente, Sarney não esteve um dia no Amapá durante o 1º turno.

No segundo turno ele conduziu pessoalmente a campanha, foi ao Amapá, reuniu governo e a bancada estadual, e dessa forma influenciou decisivamente para a vitória do candidato que apoiava. Sarney trabalha com manobras para que o resultado das eleições seja alterada. Então dessa forma, não tem como permanecer com alguém que centraliza poder, e distribuem para as pessoas que eles querem.


JP- Como a Sra. vê esse processo da cassação do governador Jackson Lago, por abuso de poder econômico?

Cristina Almeida- Certamente não, existe uma comparação da mesma situação entre Maranhão e Amapá; Exemplo o governador do Amapá Walber Goés (grupo Sarney) têm três processos na justiça eleitoral, e esses processos não caminham porque Sarney interfere, não deixa a justiça caminhar.

Elegemos agora um prefeito, que foi cassado, numa agilidade assustadora. Em um final de semana, mesmo com os serviços públicos fechados, a justiça trabalhou levando correspondências do processo em casa, para cassar, tirar alguém e colocar alguém do lado dele. Aqui vai assumir, alguém um parente dele, sua filha, então claro que ele vai querer interferir, deixou corre tempo para que na hora que o processo acontecer, tudo aconteça conforme o resultado planejado.


JP- Você foi candidata em 20006 ao senado pelo Amapá, enfrentou Sarney. Você tornará enfrentá-lo? Porque que o Brasil precisa de um representante no senado?

Cristina Almeida- Essa eleição de 2010, não só de 2014, que será a disputa da vaga que Sarney ocupa. Só daqui à seis anos que iremos ter a substituição dessa vaga ocupada por Sarney.

O Amapá precisa de um senador, que traga desenvolvimento e benefícios para nós. Olha, se agente for colocar no papel 24 anos de mandato, se apontar 24 ações e obras, realizadas pelo senador Sarney (que é um ex-presidente do Brasil), não tem como, queremos um representante que realmente trabalhe pelo Estado, que invista principalmente na área da educação, questão da universidade, com a ligação da Guiana-Amapá (fazer uma ponte), combate ao tráfico e da prostituição, uma serie de fatores que o Amapá tem muito a crescer, se tiver um senador que realmente olhe com atenção e carinho, nós sabemos que o Sarney tem poder, mas ele não usa para o Amapá.

JP- No Maranhão, durante o governo de Zé Reinaldo o Senado barrou durante vários anos uma verba para ser aplicada na agricultura, sabemos que Sarney estava por trás, o próprio Lula, nunca pode vir ao Maranhão (exceto para fazer campanha política para Roseana em Timon, nas eleições de 2006) Lula deixou de dar apoio para um candidato ao senado do PT, Bira do Pindaré, para apoiar um candidato de outro partido(Cafeteira).



JP-Esses são alguns dos abusos que podemos citar como exemplos da forma política desse senador. Agora Sarney cobra de Jackson abuso de poder. Sarney é exemplo de ética no senado?

Cristina Almeida- Com certeza não é exemplo de ética, Sarney vem acompanhando o desgaste do governo Lula, e agora nesse momento faz chantagem, essa pressão toda vem de negociação, por parte do poder que em seu governo a grande maioria é do PMDB.

Lula teve que ceder a essas pressões, o PT tinha tudo para nesse momento dar uma retomada, com sua credibilidade por conta da militância e da população, e não deixando que Sarney ocupasse a presidência do senado. Mas foi o contrário, o PMDB de Sarney, ocupa agora os dois mais importantes poderes do planalto.

Eu tenho uma preocupação:

Ninguém quer a morte de ninguém, mas sabemos que Sarney chegou ao poder como presidente, eu rezo muito para que o nosso vice presidente, José Alencar, pois no momento de afastamento do presidente, e do falecimento do vice, quem assume é o presidente da Câmara (que é do PMDB) eu não sei se tudo isso, essa mobilização pelo senado e pela Câmara. Para mim, é preocupante essa manobra toda.


JP- Você falou que em seis anos Sarney cresceu lá, ele tem popularidade ou é uma coisa fabricada pela mídia, no Amapá, ele tem total controle da mídia como no Maranhão?


Cristina Almeida- Não é popularidade, foi compra de votos mesmo.
No segundo turno das eleições municipais, ele chegou acompanhado de autoridades (o tempo todo), isso faz diferença, a distribuição gratuita de cestas básicas, dinheiro, tudo aconteceu. Isso quem diz, não somos nós, tudo está nos processos, tudo formalizado, comprovado.

Sobre a mídia não podemos generalizar, mas a maioria que possui os meios de comunicação, são controlados pelo senador Sarney. Ele tem uma ligação forte, realmente com os que detêm as empresas de comunicação. Algumas rádios comunitárias, por exemplo atuam de forma irregular, na cidade e no interior de Macapá.O senador Gilvan do PMDB, aliado de Sarney, tem em seu poder rádios comunitárias. A população não tem conhecimento mas, a pobreza está, tomando espaço e Macapá e as pessoas não estão se dando conta disso. Os aliados de Sarney, vão para os meios de comunicação dizer que tudo vai bem e o povo acaba enganado.

JP- É verdade que no Amapá, muitos ministros vão lá?

Cristina Almeida- No ano passado, mais de dez ministros foram ao Amapá, levar informações de recursos; bilhões em recursos que estariam chegando dentro do município de Macapá, eles chegaram acompanhados de Sarney, mas ficam falando, e a população continua na mesma, nada acontece para mudar o quadro de pobreza.


JP- Apenas um engano que vai tudo bem?

Cristina Almeida- Quando a eleição é municipal eles aparecem, levando recursos para o Município, eu até acredito que não seja diferente no Maranhão. Ainda hoje mesmo, numa cessão solene no Amapá, ouvi de um vereador do PSOL que Sarney chamará todos os vereadores para uma conversa, que daqui para frente irá liberar recursos para o município, acontece que quatro anos atrás fez a mesma promessa.


JP- Isso serve de alerta para os vereadores de São Luis?
Cristina Almeida - Sim, um alerta para o povo de São Luiz, apenas uma manobra política.

JP- Você é a principal combatente de Sarney no Amapá, Como foi enfrentar o atual senador nas eleições em 2006?


Cristina Almeida - Eu sou uma mulher negra, sou de uma família humilde, aquele momento teve o apoio de toda cidade, pois disputava contra um coronel famoso, de outro estado, naquele momento nós tínhamos tudo para fazer acontecer a mudança que os maranhenses estão fazendo, mas não conseguimos...

A minha vinda aqui, serve para alertar o povo do Maranhão e fazer um apelo que não permita o que nos aconteceu lá. O que vem acontecendo por culpa do senador Sarney.

Eu trago do meu povo um abraço fraternal, que todos vocês acreditem numa reação, nós o povo do Amapá, em nome do meu partido o PSB, para vir aqui prestar solidariedade ao povo do Maranhão.

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