sábado, 2 de junho de 2007

Entrevista com Silvio Bembem PT São Luís

Entrevista com Silvio Bembem PT São Luís – EM 02/12/2007
(Blogueiros: Bruno Rogens, Ricardo Santos e Jhon Cutrim)


Pergunta: Como você vê a importância dessa eleição no PT em relação às eleições municipais do ano que vem?

Primeiro eu diria que o PT dá uma prova de vitalidade por que independente da formação política e da linha ideológica que cada militante tem. O PT consolida a democracia quando solicita aos filiados que escolham os seus dirigentes ao realizar o PED.


Esse é um processo novo na política partidária, no Brasil é muito recente só o PT inaugurou esse modelo. Então isso é um ponto positivo. Do ponto de vista eleitoral é significativo, pois a nossa chapa apóia candidatura própria e é obvio, importante o resultado dessas eleições por que independente do resultado, o mais importante é que o Bira tenha o respaldo considerável para construir sua candidatura.

É um desejo nosso construir uma candidatura do PT, entendendo que o Partido é grande, tem vitalidade, pode crescer na cidade, então acho que a eleição no PT tem conseqüências importantes para a questão eleitoral do ano que vem.

Vários candidatos estão de olho no resultado dessas eleições no PT, por que a defini quem ganha aqui hoje e dá desdobramento pros outros partidos, isso não só aqui mas no Brasil como um todo. A eleição no PT é vista com grande interesse pela mídia, toda imprensa nacional acompanha o resultado por que é o Partido do Presidente da República, portanto é o Partido que está dirigindo o Brasil, e que é obvio.

Estamos às vésperas de uma eleição que vai anteceder a sucessão do segundo mandato de Lula. Então há vários desdobramentos, se ganha o Berzoíni, o projeto é um, se ganha o Walter Pomar é outro, se ganha o Gilmar Tato é outro e se ganha o Eduardo Cardozo é outro, e anda há a probabilidade de união da ala mais à esquerda pra ir para o segundo turno unido.


Pergunta: você acha que o numero resuzido de 748 votantes, que esses que votaram são os filiados que levam o PT na raça, que é o chamado voto de qualidade que o PT necessita?

Eu diria que há várias aspectos desse voto. Existe o cara que vota por que o pai ou a mãe pediu, e nem sabem em quem estão votando. É um voto que reproduz o que há de pior na política brasileira o que é um perigo pois você ajuda a escolher uma direção sem saber qual é o projeto dessa direção.

Mas existe um setor mais progressista que faz diferente, por exemplo nós conseguimos agregar em nossa chapa lideranças importantes como Walter do Anil, a Creuzamar, o Carlito Reis, o Professor Joan, Dutra, Márcio Jardim, Natan do Anjo da Guarda, o Cláudio Silva do grupo Grita, o Pedrosa, Manoel da Conceição, então a chapa agregou várias lideranças que tem um significado simbólico pra cidade e político e ideológico muito grande.

Então nossa chapa tem esse diferencial de ser construída por militantes o que é bastante importante frisar. Com relação a outra chapa a gente não pode ver dessa forma por que existem muitos votos de filiados que não tem consciência do processo político em curso, é um voto tipo, 'voto por que tão me levando'. Eu acredito numa surpresa das urnas. Eu acho que vieram muitos votar aqui com consciência desse processo político e convictos de que essa consciência funcione, pois o contrário estaria comprometendo a democracia brasileira.

Que tem comprometido a relação com os parlamentares, como nos casos de políticos que renunciam para não sofrer processos de cassação e retornam aos cargos no pleito seguinte por que o eleitor não consegue ver a ética como bandeira fundamental e se a ética não for um principio nobre nós, estaremos comprometemos todo o processo político.


Pergunta: O PT corre o risco de cair em maus mãos?

Com certeza, por que há uma influência numa corrente do PT, nós temos visto isso, setores que realmente são conservadores na política maranhense, setores retrógrados da oligarquia, liderados pelo Senador Sarney, até por que o Senador tem interesse em influenciar o PT em função da aliança dele com Lula.

Então nós continuamos com o mesmo entendimento, apoiamos inteiramente o governo do Presidente Lula mas não podemos abrir a retaguarda para a oligarquia no Estado por que nós estamos vivendo um momento novo e acho que a transição que Jackson está fazendo é justamente para esta geração assumir o poder nos Maranhão nos próximos anos, pois só com novas cabeças, novas práticas nós vamos conseguir mudar a realidade do Estado.

Pergunta: Você acha que a Frente de Libertação segue unida para as eleições do ano que vem?

Pouco provável, eu não diria que não, pois as coisas na política são muito dinâmicas, mas acho pouco provável pois todos os partidos tem interesse, pelo menos o PT esse é o entendimento da maioria dos companheiros, mas ainda tem o PC do B com Flávio Dino, o PDT com Tadeu que não abri mão de indicar seu sucessor, e tem outros partidos que se qualificam pra disputa.

Não há sentido uma reedição da frente de libertação pois não há o que libertar. Devemos trabalhar é pela melhoria das condições de vida da população, resolver problemas como a questão do saneamento básico, da saúde, do trânsito caótico, da cidade com maior número de acidentes. Não estou dizendo que Tadeu foi um mau prefeito, mas existem algumas coisas que precisam ser renovadas e ele já se esgotou a era dele já passou e nós temos que alternar, por que alternando nós fortalecemos nossa democracia.

Pergunta: depois de concluída as eleições no PT, caso o partido não lance candidato próprio, qual o nome mais viável para o partido apoiar?

O PT defende o campo democrático e popular existe partidos tradicionalmente aliados conosco como o PSB, o PC do B, o PDT, são partidos que tradicionalmente se aliam conosco e que construíram uma aliança nacional e que é a matriz do campo democrático e popular.

Esse campo hoje compõe uma coalizão no âmbito estadual e na coalizão só tem um partido que está fora desse campo democrático e popular que é o PSDB que a nível nacional é nosso principal inimigo aliado com o DEMO, localmente são aliados estratégicos por que estão no governo, enfrentam o debate sobre a oligarquia portanto isso é uma aliança prática, não é programática.

Nós concordamos com o governo de coalizão estamos nele, tem o PSDB, tem o PT, então nós não somos psdbistas nós somos PT num governo de coalizão, assim como o Senador Sarney no governo de coalizão nacional, qual é a diferença? Ele ta lá por que o Lula acha que ele é bom, pra nós ele não é.

Destratar o PSDB que está enfrentando o modelo oligárquico é perder o bonde da história, portanto a aliança é tática, não é programática e não é ideológica. O que nós queremos é compor com o campo democrático e popular, não tendo candidato provavelmente algum candidato do PSB, ou do PDT poderia ser nosso candidato.

Existem três nomes, tem o Clodomir, o Moacir Feitosa, o próprio Vidigal que já compomos nas eleições estaduais, tendo como vice a companheira Terezinha...

Pergunta: E o Zé Reinaldo?

Eu acho pouco provável, apesar das pesquisas o indicarem como um candidato competitivo.

Acho que ele não entraria numa bola dividida pois não reeditaria a frente o que não é do interesse dele. Eu acho que tem muita água pra rolar e eu acho que essa decisão de hoje é importante, se nós ganharmos a eleição todo mundo vai saber que vamos continuar trabalhando para o partido lançar candidatura própria, quem sabe tendo um vice do PC do B. Temos que trabalhar em prol dessa nova geração de políticos como Bira, Flávio Dino e outros.